Barragem de Juturnaíba e outras cinco no Rio possuem alto dano potencial

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O segundo acidente de grandes proporções envolvendo o rompimento de barragem de rejeitos no Brasil, ocorrido na última sexta-feira (25) em Brumadinho, Minas Gerais, levantou preocupação em relação ao estado de outras barragens no país, de rejeitos de mineração e de água. Segundo dados da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o Rio de Janeiro possui 29 barragens de água, das quais 12 foram definidas como prioritárias. Seis delas estão classificadas como “alto dano potencial associado (DPA)”, que apresenta nível alto de prejuízo em caso de acidente. Entre elas, está a Barragem de Juturnaiba, na lagoa localizada entre Silva Jardim e Araruama e que, segundo especialistas, apresenta maior risco por possuir dejetos químicos.

“Juturnaíba é como uma bomba-relógio para o Rio. Há vários dejetos químicos no local”, afirma Sergio Ricardo, fundador do Movimento Baía Viva. Além da Barragem de Juturnaíba, outras cinco também apresentam o mesmo potencial de risco no Estado: as barragens de Saracuruna, na região de Duque de Caxias; de Rio Imbuí-UT Triunfo, na Região Serrana; Lago Javary, no município de Miguel Pereira; e Gericinó, entre os municípios de Mesquita e Nilópolis.

A fiscalização de barragens no Brasil está abaixo do ideal. De acordo com o Relatório de Segurança de Barragens de 2017, somente 211 vistorias foram feitas no ano, o que equivale a cerca de 27% do total de barramentos existentes no país, cerca de 790. “É necessário controlar e fiscalizar estas barragens. Há uma fragilização neste sentido, uma vez que o recurso para esta finalidade vem diminuindo a cada ano”, opina Sergio Ricardo.

Os responsáveis pelas barragens já estão cientes da situação e foram orientados a adotar medidas de segurança para evitar que acidentes ocorram. O Inea acrescentou, ainda, que foi publicada neste mês uma resolução que explica a política estadual de segurança de barragens, que confere às empresas um ano para regularização de acordo com as exigências. O órgão também afirma que foi realizada vistoria recentemente na barragem de Gericinó e que não há riscos. Também há grupos de trabalho que fiscalizam a situação dos barramentos. Além disso, há forças-tarefas que auxiliam na regularização das barragens.

Barragens podem contaminar água no Estado do Rio

Outro problema apontado pelo criador do Movimento Baía Viva é a possibilidade de contaminação dos leitos que fornecem água para a população do Estado do Rio de Janeiro, já que há barragens que estão nos limites entre os estados de Minas Gerais e do Rio. Em caso de rompimento, há riscos de contaminação do Rio Paraíba do Sul, o mais importante do Estado do Rio, responsável por abastecer mais de 12 milhões de pessoas, cerca de 80% da população da Região Metropolitana.

O Paraíba do Sul também pode ser contaminado pelo risco de deslizamento de uma pilha gigante de rejeitos de areia com metais pesados, chamado de escória, que até o ano passado não possuía contenção. A montanha, de cerca de 20m de altura, está a menos de 50 metros de distância do leito do rio.

Segundo especialistas, montes do tipo podem gerar gases sulfídrico e enxofre e possuem metais tóxicos como manganês, zinco, cádmio, cromo, níquel e chumbo. Diariamente, 100 caminhões despejam dejetos no morro. “Uma pilha gigante de diversos tipos de substâncias químicas pode contaminar o rio, que fica a 50 metros do local e é o mais importante do estado, responsável pelo abastecimento de cerca de 12 milhões de pessoas”, alerta Sergio Ricardo.

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