SÓ OS FORTES SOBREVIVEM
O título deste artigo eu ouvi de um ex-presidiário do extinto Complexo Penitenciário do Carandiru. E esta tem sido a minha frase preferida (consta até no meu status no WhatsApp) nestes últimos anos em meio a tantos problemas como a atual pandemia do Covid-19 e suas variantes. Passamos, sim, por um momento no qual só os fortes – física, mental, psicológica, emocional, espiritual, intelectual e até profissionalmente — sobrevivem.
Eu, particularmente, passei por maus pedaços: caí numa profunda depressão psíquica que me deixou praticamente todo o ano de 2020 sem sair de casa e me fez emagrecer 25 quilos; perdi a minha mãe; vi parentes e amigos sucumbirem ao coronavírus. Assim como pessoas pelas quais temos admiração a exemplo do cantor Agnaldo Timóteo e os atores Tarcísio Meira e Paulo Gustavo.
Vi os meus sonhos e esperanças se acabarem, mas resolvi apostar na vida e sobrevivi, a despeito de todas as forças e circunstâncias em contrário. Ao longo de 2021, recuperei os quilos perdidos e mais uns cinco “de quebra”. Com fé, força, foco, obstinação, determinação e apoio espiritual e material de familiares e amigos, voltei a exercer a minha função de professor público, reassumi o cargo de assessoria de imprensa em Administração Municipal e de Delegado Regional do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, retomei a minha vida social e continuo produzindo textos jornalísticos e literários. Mas só o Grande Arquiteto do Universo e eu, é claro, sabemos à custa de quantos esforços isto foi – e tem sido — possível.
O próprio Jornal FOLHA DA TERRA também é um exemplo de força e sobrevivência profissional. Seu fundador/editor, Alfonso Martinez, contraiu e superou o “corona”. Além disso, o periódico tem resistido bravamente por quase três décadas, principalmente durante os últimos anos de avanço das mídias sociais e do chamado jornalismo “on line” que, dizem, levariam os veículos impressos à falência. Sim, precisamos ser fortes e lutarmos e resistirmos a tudo sempre. Aliás, há uma máxima no serviço militar que diz: “quando pensamos que não suportamos mais, ainda somos capazes de suportar ao menos o dobro”. Como diz a música tema da primeira telenovela brasileira estrelada, por sinal, pelo glorioso e saudoso Tarcísio Meira: “irmão, é preciso (muita) coragem…” Ou outra: “viver não é brincadeira não/pergunte ao meu coração”.
Desde a fecundação, só os fortes realmente sobrevivem. E o mundo nunca mais será o mesmo depois de tantos problemas na Saúde Pública. Mas, apesar dos pesares, pudemos e podemos tirar boas lições de tudo isto: tornamos-nos mais solidários; ficamos menos vaidosos e prepotentes por entendermos que todos – ricos, remediados e pobres – somos vulneráveis à morte e às desgraças da vida nas mesmas proporções; descobrimos novas formas de trabalhar e de nos divertir; e passamos a ficar mais tempo próximos de nossos familiares e amigos, entre outros procedimentos.
Não sou de derramar lágrimas por aquilo que escrevo, mas encerro este texto as vertendo sobre o teclado do meu velho e bom companheiro computador de longas jornadas. Que o Grande Arquiteto do Universo nos dê forças e saúde para continuarmos em frente em mais um ano que se inicia. Aproveito para desejar a todos os leitores e amigos um feliz, saudável e próspero 2022. Aproveito, também, para agradecer a todos aqueles – familiares, amigos e colegas de trabalho — que de alguma forma colaboraram para que eu superasse as dificuldades pelas quais passei.
Evaldo Peclat Nascimento é Jornalista, Professor e Poeta.