Jejum: Você pode nunca ter feito, mas quem de nós não ouviu essa prática espiritual? Diferentemente do que muitos pensam, o jejum não é uma dieta em nome de Deus. Ele não precisa que nos privemos de comer e beber. O jejum, portanto, adquire seu significado espiritual na medida em que chega a ser o meio para uma melhor comunicação com Deus e para nosso autocontrole, como também uma das maneiras de nos sensibilizarmos com os que passam fome, e melhor ainda, uma forma concreta de fazer a caridade, a partir, do que você não consumiu, e pode ser doado a quem mais precisa.
Em geral, os homens e mulheres de Deus buscaram pelo jejum em momentos críticos de suas histórias pessoais e comunitárias. Profetas, discípulos, apóstolos, santos e santas jejuaram! São Basílio foi categórico ao afirmar: “Se podes dominar o estômago habitarás o paraíso e, se não o podes, serás alimento da morte”. Mesmo no século XXI, o Jejum segue sendo uma das principais armas para a vida e o combate espiritual! Você já jejuou esse ano?
Além de pessoal, caritativo e social, o jejum tem uma outra dimensão: Eclesial! Jejuamos com a Igreja e como Igreja. Jejuamos edificando o Corpo de Cristo! Você jejuou quando a Igreja pediu que o fizéssemos pela Paz no Oriente Médio? Jejuamos como membros da Igreja! É o modo de vida que nos ensinaram o próprio Cristo e seus apóstolos e que foi seguido por todos os santos. Assim, o que Cristo nos ensinou e o que os santos seguiram, constituem verdadeiramente o pilar da unidade da Igreja e, por isso, o jejum é um importante meio para vivermos também a unidade eclesial.
Quando um cristão ortodoxo fala de jejum, a oração vem imediatamente a sua mente; quando fala de oração, de igual modo o jejum vem automaticamente a sua mente. Isto porque estes dois meios de comunicação com Deus estão intimamente relacionados. É por isso que Cristo, quando seus discípulos tentaram em vão libertar um jovem dos espíritos malignos que o atormentavam, apontou este duplo meio, a oração e jejum, como a mais poderosa arma que o ser humano tem contra o demônio. «Este tipo de demônio não pode ser expulso senão por meio da oração e do jejum» (Mc 9: 29).
Para nossa teologia, poderíamos dizer que o jejum é uma das valiosas práticas espirituais que dispomos para capacitar-nos a romper o monólogo com nosso ego egoísta, tornando-nos mais humildes para que assim possamos comunicar-se com Deus e receber bênção, a iluminação e a santificação da parte do Seu Espírito! Isso significa que o Jejum não pode ser um fim em si mesmo. Como disse São Serafim de Sarov: “O jejum, a oração, a esmola e todas as outras boas ações cristãs são boas em si mesmas, mas o propósito da vida cristã não consiste apenas no cumprimento de uma ou outra delas. O verdadeiro propósito de nossa vida cristã é a aquisição do Espírito Santo de Deus. Mas jejum, oração, esmolas e toda boa ação feita por causa de Cristo é um meio para alcançar o Espírito Santo. Observe que somente as boas obras feitas por causa de Cristo produzem o fruto do Espírito Santo. Tudo o mais que não é feito por causa de Cristo, mesmo que seja bom, não nos traz recompensa na vida futura, não traz a graça de Deus nesta vida”.
Unidos!
Padre Simeão do Espírito Santo