A fase dois da investigação sobre a morte da vereadora do PSOL Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes já tem um ponto de partida: a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio tentam descobrir se um informante, dentro da Câmara Municipal, pode ter revelado os passos dela nas semanas que antecederam o crime. O relatório do inquérito da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital mostra que, 13 dias antes da execução, um dos acusados, o sargento reformado da PM Ronnie Lessa, começou a buscar endereços listados na agenda da parlamentar. A desconfiança se estende até 14 de março de 2018, data da execução, quando parece ficar ainda mais forte a suspeita de que os assassinos tiveram informações privilegiadas sobre os horários de Marielle, da saída do plenário do Palácio Pedro Ernesto até sua chegada à Casa das Pretas, no Centro, para o debate “Jovens negras movendo estruturas”.
Para a polícia, Lessa, suspeito de ter sido o atirador, e o ex-PM Élcio Queiroz, acusado de dirigir o Cobalt prata usado no atentado à vereadora, sabiam que Marielle estava atrasada para o evento da ONG, que fica na Rua dos Inválidos. Ela se atrasou, e seu carro, um Agile, só saiu da Câmara às 18h39m. Acabou chegando ao local às 19h, bem depois do horário marcado para o debate: 18h. Registros de câmeras mostram que o veículo dos assassinos saiu da Barra às 17h24m, exatamente quando Marielle deixou o plenário. Coincidindo com o atraso de Marille, o Cobalt aparece reduzindo a velocidade na Tijuca, e só é visto em imagens gravadas na Rua dos Inválidos às 18h45m. Como não encontraram vaga perto da Casa das Pretas, os criminosos deram uma volta no quarteirão e estacionaram em frente a um beco às 18h58m. Às 19h10m, os suspeitos mudam para uma vaga mais próxima à sede da ONG.
Fonte: Jornal O Globo