Máscaras lisas, coloridas, com estampas variadas. Com a pandemia da Covid-19 e a necessidade do uso do item como forma de proteção contra a doença, um universo de possibilidades criativas se formou para passar, de uma forma mais leve, a pesada mensagem que a máscara traz: o perigo pode estar em qualquer lugar.
É preciso admitir, no entanto, que ver um rosto conhecido por completo, ou mesmo o sorriso de um estranho, tem feito muita falta nos últimos meses.
Pensando nisso, empresas de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, têm fabricado máscaras que “completam” o rosto do cliente com seus próprios traços. Os modelos com a parte inferior do rosto são desenvolvidos a partir de fotos enviadas por quem adquire as peças.
William Gonçalo tem uma loja dedicada aos amantes do rock e começou a fabricar máscaras com essa temática para atender ao público, mas foi só um amigo pedir por uma peça personalizada para ele embarcar na ideia.
A inspiração veio de uma empresa belga, que deu o primeiro passo para dar um “toque humano” às máscaras de proteção.
“Um amigo e cliente viu a ideia belga e me mandou pedindo para que eu pudesse fazer um modelo para ele. Como não tínhamos a máquina específica, fizemos pelo próprio celular e depois levamos para o computador para mexer nos detalhes, como gabarito para o rosto”, conta o empresário.
E vale sorrir, ficar sério ou fazer carreta. O importante é deixar o item, que virou peça obrigatória no guarda-roupa em tempos de pandemia, o mais personalizado possível.
O maquiador Renato Auad é um dos clientes que aproveitou para encomendar, inclusive, uma máscara com careta, que, segundo ele, já é sua marca registrada.
“Quando coloquei a máscara as reações foram ótimas. Essa careta que escolhi para uma das máscaras, na verdade, é uma expressão que eu faço com as noivas que produzo. Quando acabamos de fazer a maquiagem e o penteado eu fico ao lado delas, faço uma foto normal e faço a foto com careta. Virou uma marca registrada minha”, conta Renato.
Para o maquiador, a máscara personalizada também se transformou numa forma de levar alegria por onde passa.
“As pessoas vão ver, mesmo através da máscara, um rosto conhecido, você fica mais visível. Achei a ideia sensacional, as pessoas acabam rindo e isso deixa a situação, que já é por si só tão pesada, mais leve”, afirma.
Atrativo também para as crianças, que, segundo William, têm aderido à ideia.
“Resolvemos fazer modelos nos tamanhos P, para crianças de 4 a 5 anos, M, para crianças de 8 a 10 anos, e as de adulto. As crianças, normalmente não gostam de usar máscara, mas quando a peça é feita com a carinha delas, elas se amarram, dá vontade de usar. E aí elas brincam e, ao mesmo tempo, se protegem”, explica William.
As peças são produzidas com poliéster, algodão e viés e levam de três a quatro dias para ficarem prontas.
“Provavelmente vamos passar um bom tempo tendo que usar máscara. E ficamos felizes em ver as pessoas usando a proteção de uma maneira mais leve e divertida”, conclui o empresário.
Estilo com toque ecológico
Outra empresa friburguense, focada em moda ecológica, também apostou na ideia de desenvolver máscaras personalizadas que “completam” o rosto dos clientes.
De acordo com o empresário Alex Sandro Santos, a demanda também surgiu dos próprios clientes, e o primeiro foi o ex-BBB, Jorginho Doda, que participou do reality na edição de 2018.
“Depois um marido que queria presentear a esposa entrou em contato e, a partir daí, vimos que poderia ser um produto exclusivo e divertido”, afirma.
A máscara é composta por algodão, na parte que tem contato com o rosto e demora uma semana pra ficar pronta. Na parte externa, a composição de fibras de poliamida e poliéster preserva a nitidez do desenho mesmo depois de muitas lavagens, segundo o empresário. Para o armazenamento das peças, nada de plástico. Sacos de papel reciclado dão o tom ecologicamente correto à produção.
“Percebemos o grande impacto que as máscaras de uso único estavam causando ao meio ambiente. Diante disso, decidimos criar uma alternativa mais ecológica para este item contemporâneo e necessário”.
Obrigatoriedade do uso de máscaras
Em junho, o governador do Rio, Wilson Witzel, sancionou uma lei que determina o uso obrigatório de máscara enquanto vigorar o estado de calamidade pública decretado no estado.
O uso é obrigatório em ambientes públicos — como nas ruas — e ambientes privados de acesso coletivo, como shoppings. O uso também é obrigatório em estabelecimentos comerciais.
Em Nova Friburgo, o uso obrigatório de máscaras de proteção nas ruas foi decretado pelo prefeito Renato Bravo em maio.