Dois meses após levar tiro de bombeiro, atendente do McDonald’s passa por cirurgia para retirar bala: ‘Só quero minha vida normal’

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Quase dois meses depois de ser baleado na barriga enquanto trabalhava, pelo sargento do Corpo de Bombeiros Paulo César Albuquerque, o atendente do McDonald’s Mateus Domingues Carvalho, de 21 anos, vai realizar uma nova cirurgia nesta quinta-feira (6). O objetivo do procedimento é retirar a bala do crime que ainda está em seu corpo.

Segundo Mateus, a operação também faz parte do tratamento para a reconstrução de seu intestino e para a retirada de uma bolsa de colostomia, que o jovem vem usando desde o ataque que sofreu, no dia 9 de maio, no restaurante da Taquara, na Zona Oeste do Rio. Após ser baleado, Mateus ficou dez dias internado, quando passou por uma cirurgia, perdeu o rim esquerdo e teve ferimentos no intestino.

Em entrevista ao g1, Mateus contou que o período de recuperação vem sendo de muita luta e desafios. O jovem disse que a única coisa que ele espera é poder voltar a ter uma vida normal.

“Esse foi um período de muita provação, muita luta, muito desafio. Eu espero que essa cirurgia seja positiva e consiga reverter a colostomia e tirar a bala. Só quero voltar a ter a minha vida normal. Voltar a fazer meus afazeres por conta própria. Estamos na luta. Ou a gente luta ou a gente fica no chão”, contou Mateus.

Ao lado do jovem durante os dias no hospital, Marcela Costa, tia de Mateus, relatou que os últimos meses foram difíceis. Segundo ela, o rapaz teve que ganhar peso para poder passar por essa nova cirurgia.

“É uma luta diária. Ele teve que ganhar peso, teve que ganhar massa muscular para poder fazer essa nova cirurgia, que vai tentar reconstruir o intestino. Ele já estava mais magro e com o tempo que ele ficou no hospital, ficou mais magro ainda. Então é uma luta diária. Bem difícil”, disse Marcela.

Por conta do tiro na barriga e dos procedimentos que teve que passar, Mateus convive com muitas dores, tem dificuldade de sentar e andar, além de precisar de ajuda para atividades básicas.

“Ele vem sentindo muita dor na coluna. Ele quebrou o osso na coluna e está com o projétil no corpo ainda. E é super visível. A olho nu você consegue ver a bala. Então, para sentar incomoda. Ele vem sentindo muita dor do lado esquerdo, que foi onde a bala pegou, e na perna também esquerda”, contou Marcela.

Jovem tem medo de voltar a trabalhar

A tia de Mateus lembrou que o jovem mudou bastante depois do ataque que sofreu. A mudança não foi só por conta das limitações físicas. Segundo ela, Mateus passou a ter medo de tudo.

“De um mês para cá ele ta mais fechado. Ele ta com medo. Ele pede pra sempre deixar a porta fechada. Tem medo quando o portão faz barulho. Ele ta bem mais assustado. Mas nós estamos tentando retomar, eu sei que é complicado agora, mas vamos seguir”, disse Marcela.

Mateus também disse ter medo de voltar a trabalhar na mesma unidade da lanchonete, na Taquara. Para ele, seria como reviver a tragédia todos os dias.

“Eu não tenho planos de voltar para lá. Continuaria trabalhando no Mc Donald ‘s sim, mas não naquela loja. É um lugar que eu não penso em voltar de forma alguma. Eu tenho medo. Tenho medo pelo acontecido, por ser área de milícia”.

“Voltar para lá seria como reviver tudo aquilo e acho que não seria uma boa”, completou Mateus.

Julgamento terá início em agosto

As preocupações de Mateus vão além de pequenos sustos e o medo de reviver o passado. Ele também relatou que tem medo que o bombeiro Paulo César Albuquerque seja solto pela Justiça.

O sargento que agrediu e atirou contra Mateus teve sua prisão decretada no dia 20 de maio e desde então está em uma unidade prisional da corporação.

Na última segunda-feira (4) a 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro manteve a prisão preventiva de Paulo César.

O juiz Gustavo Gomes Kalil, responsável pelo caso, também marcou a primeira audiência de instrução e julgamento para o próximo dia 8 de agosto.

 

Crédito: g1

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