‘Nevou’ no Rio: mania de descolorir o cabelo até ficar quase branco vira moda entre os cariocas

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Em pleno verão, o fenômeno que vem chamando atenção nas ruas do Rio é conhecido como “nevada carioca”, ou apenas “nevou” — para os mais íntimos. Trata-se da mania de descolorir, platinando os cabelos até os fios ficarem completamente brancos, que tomou conta das cabeças dos jovens de Norte a Sul e virou a febre do momento. A onda começou às vésperas do Natal, ganhou força no réveillon e entrou em janeiro lotando os salões. Nascida nas comunidades e nos subúrbios, a tendência ultrapassou fronteiras geográficas e sociais da cidade, principalmente depois de ganhar as redes e de ter conquistado artistas e atletas.

É uma tendência influenciada pelo Tik Tok e outras redes sociais. Os meninos postavam vídeos clareando os cabelos, barbas e bigodes, até deixá-los com aspecto nevado. O termo surgiu porque, nas postagens, eles também recorriam a aplicativos com efeitos simulando neve caindo em cima da cabeça, e daí postavam “nevou” ou “nevada”. Então, ficou esse nome. É uma febre. É muito a cara dos garotos praianos cariocas — diz Mauro Brettas, cabeleireiro e maquiador do salão Care, em Ipanema, ele mesmo um adepto do visual, que experimentou pela primeira vez no último carnaval.

Cabeleireiros e donos de salão apostam que o modismo resiste com força pelo menos até os dias de folia. A novidade deste ano é que a descoloração global substituiu o amarelado, em um tom mais para o louro, feito com água oxigenada e amônia, quase sempre em casa, por conta própria. Agora estão sendo usados produtos como pó descolorante, tinta branca e matizador, de resultado melhor e mais duradouro, que demandam ajuda profissional.

Para seguir o modismo é necessário desembolsar valores que vão de R$ 50 a mais de R$ 500, dependendo do salão. Também é possível arriscar fazer em casa, gastando só com produtos — em torno de R$ 100 —, mas sem garantia de resultado satisfatório, e com riscos ao couro cabeludo.

O principal público-alvo é masculino, composto por jovens entre 15 e 20 anos. Uma turma numerosa nessa faixa etária tem lotado a Barbearia do Ratinho, com filiais no Vidigal e em Bonsucesso. Nos dois estabelecimentos, os barbeiros Matheus Gaspar, o Pinguim, e Altair de Jesus Oliveira, o Ratinho, respectivamente, é que fazem as cabeças.

— O modismo começou nas favelas — defende Pinguim. — Antes, a garotada usava água oxigenada e amônia para descolorir por conta própria, e o resultado era que o cabelo ficava amarelado, além de arder muito o couro cabeludo. No fundo, o que todo mundo queria era o branco total, possível agora porque os produtos estão mais avançados.

O estudante Thomas Joubert Fernandes Rodrigues, de 18 anos, morador do Vidigal e frequentador da Praia do Arpoador, era um dos mais de dez jovens que, na manhã da última terça, enfrentavam a cadeira do barbeiro Pinguim. Após duas horas de espera — tempo para o platinado perfeito —, o jovem aprovou o resultado.

— Já é uma tradição de final de ano e começo de verão. Queima um pouco, mas vale a pena. Dá um resultado diferenciado, melhora o visual e aumenta a autoestima, além de, é claro, fazer sucesso com as mulheres.

Encobrindo grisalhos

Localizado no Jardim América, o WM Barber Club é um dos salões que atraem a garotada da Zona Norte, mas também figuras conhecidas como o jogador Andrey. O atleta revelado no Vasco da Gama e que hoje atua no Coritiba tem casa na Barra, mas sempre que está no Rio retoca o platinado no estabelecimento, como fez há uma semana.

— A moda no Rio de Janeiro 40 graus é neve o tempo todo — brinca West Pereira, dono do salão, que ao longo da quarta-feira passada enfileirava meia dúzia de clientes em busca do “nevou”.

Entre eles, estavam o lutador de jiu-jítsu BrunoBruno Paixão, de 32 anos, e o músico Júnior Oliveira, de 34, que fogem ao perfil da maioria do público “nevado”. Entre os mais velhos — na casa dos 30 —, a mudança muitas vezes é guiada pelo desejo de disfarçar os primeiros grisalhos naturais.

— Tinha uns fios grisalhos aparecendo. Incentivado pelo barbeiro, tomei coragem e descolori tudo. Ficou maneiro. Deu até uma rejuvenescida. Acho que vou adotar — aprovou o lutador.

A dermatologista Renata Domingues explica que os produtos utilizados podem enfraquecer os fios e, por isso, a despigmentação deve ser feita sempre com a ajuda de um profissional e nunca em curtos espaços de tempo. Ela não recomenda a ousadia capilar para crianças com menos de 13 anos:

— O fio de cabelo tem sua cutícula toda aberta no processo de descolorir. Em alguns casos, o fio vai ser impregnado pela coloração, e isso provoca desgaste da haste. Como é um modismo, espero que seja algo a ser feito uma vez só. No caso das crianças, pode haver risco de queimadura ou alergia, entre outros problemas.

Crédito: extra.globo.com

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