Os celulares mais recentes possuem conexões que usam ondas eletromagnéticas (ou “ondas de rádio”) para troca de informações, e essas tecnologias podem afetar os equipamentos de alguns aviões.
É por isso que os smartphones precisam ser colocados no “modo avião” durante o pouso e a decolagem — os momentos considerados mais críticos na viagem.
A funcionalidade desliga a transmissão e recepção de ondas de rádio em um dispositivo eletrônico portátil, como celulares (entenda abaixo). A principal fonte de interferência eletromagnética no avião é a transmissão intencional e, quando o telefone está no “modo avião”, o risco é eliminado. Ou seja, a comunicação do piloto, com radares e navegação, não é prejudicada.
“Uma das faixas de frequência utilizadas para comunicação dos celulares é próxima à faixa utilizada por um dos instrumentos de navegação de avião. A probabilidade de haver interferência não é grande, mas ela existe”, explica ao g1 Jorge Henrique Bidinotto, professor de engenharia aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP).
O que acontece quando o ‘modo avião’ é ativado?
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o recurso desliga as interfaces de comunicação sem fio do aparelho. São elas:
🌐 Dados móveis;
📶 Wi-Fi;
🎧 Bluetooth;
📱NFC;
📡 GPS.
Mas, hoje, alguns aparelhos permitem religar o Wi-Fi e o Bluetooth mesmo com a função “modo avião” ainda ativada, mantendo desligada somente a rede móvel do celular.
Dessa forma, o passageiro poderá conectar o aparelho à internet do avião e usar o Bluetooth para conectar um fone de ouvido, por exemplo.
“Antigamente, o “modo avião” era muito preciso e os fabricantes não tinham total confiança de que as funções de comunicação de fato estavam totalmente isoladas”, diz Jorge Henrique Bidinotto, da Universidade de São Paulo (USP).
“Ao que parece, isso mudou nos últimos anos e, por isso, hoje se confia em deixar o telefone neste modo, em que não se pode comunicar, mas pode-se utilizar para outras funções, como vídeos, música, jogos, etc”, completa.
Uma vantagem do “modo avião” ligado é que o seu celular não ficará buscando pelas antenas das operadoras (ERBs) durante o voo, o que ajuda a economizar bateria.
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Aeronaves podem mesmo sofrer interferência de sinal?
Segundo a Anac, no caso de transporte comercial de passageiros, todas as aeronaves são certificadas, inclusive quanto à interferência de sinais eletromagnéticos.
O órgão explica que durante a certificação, os aviões são submetidos a extensos testes para determinar se eles atingem um nível aceitável quanto à interferência desses sinais, em diferentes fases do voo. Esse nível mínimo tem evoluído ao longo do tempo e é definido por fóruns internacionais, do qual a Anac participa ativamente.
Especialistas do setor explicam ao g1 que o risco de interferência existe e que varia de acordo com a aeronave. Por exemplo, em Boeings 787-9 Dreamliner, um dos aviões comerciais mais avançados da atualidade, a interferência é nula.
As aeronaves de modelo A320 também não são afetadas quando testadas com interferências das transmissões intencionais nas frequências de Wi-Fi, Bluetooth, NFC e GPS, completa a companhia.
Segundo a Anatel, até o presente momento, não há registro de interferência nos voos no Brasil causado por aparelhos celulares dentro da aeronave.
O que dizem as companhias aéreas sobre o assunto:
A Gol informou que segue integralmente as recomendações da Anac e do fabricante da aeronave para mitigar qualquer risco relacionado ao assunto;
A Azul disse que suas aeronaves possuem autorização para uso dos equipamentos eletrônicos portáteis em modo avião durante todo o voo, inclusive com Wi-Fi ativado, não sofrendo nenhuma interferência;
A Latam informou que segue o disposto da Anac no Regulamento Brasileiro de Aviação Civil, que indica que “é vedado utilizar e é vedado ao operador de uma aeronave autorizar a utilização de qualquer dispositivo eletrônico portátil em qualquer aeronave civil registrada no Brasil. O motivo principal é não causar interferência com os sistemas de comunicações ou de navegação da aeronave na qual está sendo utilizada”.
Crédito: g1.globo.com