Em solo brasileiro, deu Brasil. Superando condições físicas e vencendo todas as baterias que disputou, inclusive contra o multicampeão Kelly Slater, o paulista Filipe Toledo chegou à final da Oi Pro 2019, em Saquarema, e faturou pelo segundo ano seguido o título da etapa brasileira do mundial de surf da WSL. Toledo disputou a final contra o sul-africano Jordy Smith e precisou de poucas ondas para conquistar um somatório de 18.04, apostando em boas manobras e aéreos que levantaram a torcida nas areias da Barrinha.
Apesar de ser conhecida como “o Maracanã do Surf”, Saquarema esteve mais para “La Bombonera” (estádio do Boca Juniors) durante os últimos dias da Oi Rio Pro 2019, realizados na praia da Barrinha, palco alternativo da etapa, mesmo local onde Toledo faturou o título em 2018, disputando com o australiano Wade Carmichael na época. Dado seu desempenho no último ano, Filipe era um dos favoritos para a vitória em Saquarema neste ano e correspondeu às expectativas, mesmo com a saúde debilitada.
A trajetória de Toledo na etapa brasileira do Mundial começou na quinta-feira (20), com vitória na bateria 4 da primeira rodada – e uma onda nota 8 –, contra o português Frederico Morais e o havaiano Sebastian Zietz. Avançando direto para o terceiro round realizado no dia seguinte, na sexta-feira (21), o duelo brasileiro em Itaúna acabou mandando o campeão mundial Adriano de Souza mais cedo para casa. Uma das disputas mais emocionantes de todo o circuito foi protagonizada por Filipe Toledo no round quatro da Oi Rio Pro na tarde do sábado (22), quando o paulista enfrentou o 11 vezes campeão mundial Kelly Slater. Com direito a notas 9 para os dois lados, a Barrinha ferveu durante o embate, contando com a ansiedade e muita energia da torcida presente – contra Slater e a favor de Filipe. Porém, o brasileiro levou a melhor, com um somatório de 17.84 com ondas que valeram um 9.17 e um 8.67, contra os 14.83 do americano Kelly Slater.
Nas quartas-de-final, o surfista japonês e “meio-português”, então queridinho da torcida brasileira, Kanoa Igarashi, acabou perdendo o favoritismo ao enfrentar Toledo. Em uma bateria menos agitada, o paulista avançou para as semifinais com um total de exatos 11.00 pontos e conheceu seu adversário na bateria seguinte, o português Frederico Morais, que derrotou o australiano e atual vice-campeão mundial Julian Wilson com a curta vantagem de apenas 1.34. Porém, apesar de ter sobrevivido, Kikas não teve vida longa nas finais de Saquarema. Toledo conseguiu uma onda 7.33 e finalizou a disputa já no meio da bateria com uma onda que valeu 8.67.
Enquanto isso, o futuro adversário de Filipe Toledo na final contou com uma “ajuda” inesperada para avançar: classificado para as quartas-de-final contra o bicampeão e líder do ranking masculino, o havaiano John John Florence, Jordy Smith passou direto para as semis por W.O, já que Florence se lesionou no sábado, com problemas no joelho após meses de recuperação em 2018, e não conseguiu se sentir bem para continuar a disputa. Também nas quartas, o americano Kolohe Andino eliminou o atual campeão mundial Gabriel Medina e seguiu para a rodada seguinte, disputando contra Smith, mas acabou perdendo.
A grande final entre Toledo e Smith foi menos pegada do que as baterias anteriores, mas não deixou de agitar a torcida ao longo da disputa. Os dois surfistas levaram um tempo até pegarem as primeiras ondas, e Toledo começou com estilo, levantando os espectadores na praia e chamando a torcida. O paulista passou por um tubo curto e encaixou um aéreo modesto em seguida e chegou muito perto da nota 10, conquistando uma onda 9.37 que o deixou a um passo da vitória.
.@toledo_filipe just opened the Final heat by stomping this straight air for a 9.37 🙌 Watch the #OiRioPro final LIVE now on https://t.co/ie0ZfMVLPY, WSL app, and Facebook Live! @oi_oficial pic.twitter.com/WkQFjFxoYg
— World Surf League (@wsl) June 23, 2019
A derradeira onda de Toledo na competição foi sobre muita espuma, mas as manobras em meio ao mar forte da Barrinha renderam um 8.67 que, apesar de muita tentativa, o sul-africano Jordy Smith não conseguiu bater. Com as ondas menos consistentes, restou ao paulista esperar pelo encerramento da bateria e, enfim, comemorar sua terceira vitória no Brasil (a primeira em 2015, na Barra da Tijuca) e a segunda seguida em Saquarema nos braços da família, em meio à torcida e acompanhado da campeã da modalidade feminina, a australiana Sally Fitzgibbons, que venceu a havaiana tricampeã mundial Carissa Moore também com uma onda 8.67 na final.
Ranking
Com a vitória em Saquarema e um segundo lugar na terceira etapa do calendário, em Bells Beach, na Austrália, Filipinho pulou para a terceira colocação no ranking masculino do Championship Tour (CT). À frente dele, está o americano Kolohe Andino, que venceu Gabriel Medina na Oi Rio Pro. E ainda com a camiseta amarela, apesar de não ter continuado na competição devido a lesão no joelho, o havaiano John John Florence continua na liderança do tour.
Já no feminino, a australiana Sally Fitzgibbons conquistou a liderança do ranking com a vitória no Brasil, precedida por Carissa Moore, que derrotou a então líder, a heptacampeã mundial Stephanie Gilmore. A próxima etapa do Mundial de Surf é em Jeffrey’s Bay, na África do Sul, a partir do dia 9 de julho (terça-feira).