Oito famílias de vítimas da tragédia do Flamengo estiveram reunidas, nesta quarta-feira (20), com a Defensoria Pública do Rio de Janeiro e, segundo o órgão, foi oferecido pelo clube a cada família de R$ 300mil a R$ 400 mil (trezentos a quatrocentos mil reais), além de um salário mínimo mensal por dez anos. Mas, a contraposta da Câmara de Conciliação foi de R$ 2 milhões para cada família e pensão de 10 mil em média por 30 anos.
Sem acordo por indenizações com a Defensoria Pública e Ministério Público, o Flamengo iniciou a negociação com os familiares das vítimas. Em mais de três horas de reunião, em um hotel na Zona Oeste do Rio de Janeiro, não houve acordo. Uma nova mediação está prevista uma para esta quinta-feira (21), na sede do Tribunal de Justiça, onde há previsão também de outras famílias e representantes legais.
Pedidos de interdição do CT e bloqueio de bens do clube
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (GAEDEST/MPRJ), e a Defensoria Pública do Rio (DPGE), pelo Núcleo de Defesa do Consumidor, protocolaram um pedido de urgência para que o Juizado Adjunto do Torcedor e dos Grandes Eventos determine o bloqueio de R$ 57,5 milhões das contas do Clube de Regatas do Flamengo.
O pedido protocolado nesta quarta-feira (20) prevê ainda a imediata interdição do Centro (CT) de Treinamento George Helal.
“A omissão do clube, aliada ao grave acidente ocorrido, demonstra um desrespeito reiterado às determinações de interdição das referidas instalações”, diz a petição, referindo-se ao incêndio que causou a morte de dez jovens atletas da categoria de base do clube, no último dia 8 de fevereiro, no Ninho do Urubu.
De acordo com o pedido de urgência cautelar, o Centro de Treinamento deverá ser interditado até que suas instalações estejam completamente seguras e regularizadas junto ao Corpo de Bombeiros e ao Município do Rio de Janeiro, com a emissão de Certificado de Corpo de Bombeiros, Alvará de Funcionamento e Habite-se.
Em caso de descumprimento, o MPRJ e a DPGE pedem que seja estabelecida multa única de R$ 10 milhões para o clube e multa diária pessoal para seu presidente no valor de R$ 1 milhão.
O bloqueio judicial no valor de R$ 57,5 milhões tem a finalidade de possibilitar o ressarcimento das indenizações a serem posteriormente apuradas na ação principal que também pedirá à Justiça que obrigue o Flamengo a realizar uma série de medidas capazes de evitar que outros infortúnios voltem a se repetir.
Flamengo emite nova nota oficial sobre ações nesta quarta e encontro com as famílias
NOTA OFICIAL – CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO
Em relação às ações que vêm sendo desenvolvidas pelo Clube de Regatas do Flamengo no intuito de acelerar o processo de pagamento das indenizações às famílias dos atletas vitimados no último dia 8, gostaríamos de esclarecer que:
1) Na tarde desta quarta-feira (20/02 ) foi instaurado o procedimento de mediação no Núcleo de Mediação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, sob a coordenação do Desembargador Cesar Cury;
2) Amanhã (quinta-feira), às 14h, será realizada no Tribunal de Justiça a audiência inicial com a participação de familiares dos 10 atletas que faleceram e dos 3 que sofreram ferimentos;
3) Neste primeiro encontro formal, a proposta é de que as famílias recebam todas as informações sobre a mediação, de maneira a que elas possam ter um amplo conhecimento sobre o processo;
4) Vale destacar que a mediação – neste formato e conduzida pelo Tribunal de Justiça – é o modo mais rápido, justo e eficaz para atender aos anseios dos familiares das vítimas da tragédia;
5) O Clube de Regatas do Flamengo seguirá atuando para que os familiares sejam indenizados de forma justa e no menor período de tempo possível, minimizando a dor e o sofrimento das famílias.
E embora tenha esclarecido sobre a tentativa de acordo em relação às indenizações das famílias das vítimas, o clube também revelou que por enquanto não vai se pronunciar quanto ao pedido de interdição do CT e bloqueio de bens .