A Polícia Civil investiga pelo menos 30 empresas com sede em Cabo Frio, na Região dos Lagos, suspeitas de montarem esquemas de pirâmide financeira com a promessa de pagamentos de altos lucros a quem aplica no negócio. O trabalho está a cargo da 126ª DP (Cabo Frio), e alguns dos inquéritos já estariam em estágio avançado. As investigações começaram após o assassinato de Wesley Pessano Santarém, um jovem de 19 anos que divulgava em redes sociais ter ficado rico investindo em criptomoedas. Seis pessoas que estariam ligadas ao crime foram presas nos últimos dias. A polícia busca agora o mandante do assassinato.
A promessa de dinheiro rápido e fácil, com rendimento acima dos oferecidos pelos bancos e fora da realidade do mercado de criptomoedas, mergulhou Cabo Frio numa ciranda financeira, controlada por empresas de investimento que lotearam a cidade em busca de clientes. No rastro de milhões movimentados, há denúncias de prejuízos e até de atentados.
— Eu tenho várias empresas sob investigação. Todas, a princípio, são de Cabo Frio. À medida que formos avançando, é que vamos saber se de fato elas são ou não da cidade. Alguns inquéritos estão avançados. Em outros, estamos verificando mais informações — disse o delegado Carlos Eduardo Pereira Almeida, titular da 126ª DP.
Sócio de uma empresa de investimentos, Wesley Pessano foi executado a tiros, no último mês, ao volante de um Porsche, em São Pedro da Aldeia, também na Região dos Lagos. Ele pode ter sido vítima de uma disputa por clientes, segundo policiais. O foco das investigações, por enquanto, está em Cabo Frio, que vem sendo chamada de “Novo Egito”. Mas há suspeita de que os grupos estão se expandindo para toda a Região dos Lagos.
Os inquéritos já apuram a atuação das empresas suspeitas de terem desaparecido com o dinheiro dos clientes. No último dia 25, a Polícia Federal prendeu Glaidson Acácio dos Santos, de 38 anos, CEO da GAS Consultoria Bitcoin, suspeito de montar um esquema financeiro fraudulento bilionário a partir de Cabo Frio. Ele prometia aos investidores lucro mensal de 10% por meio de criptomoedas — cujo mercado é altamente volátil — e, ao final de 36 meses, anda devolver o valor inicialmente aplicado.
Ex-garçom, ele ficou ficou conhecido como faraó dos bitcoins na Região dos Lagos. Glaidson, no entanto, teve seu sistema de pirâmide implodido pela PF, que encontrou com ele, numa mansão da Barra, R$ 15,3 milhões em dinheiro vivo, e apreendeu 21 carros de luxo pertencentes ao grupo.
Crédito: extra.globo.com