Conhecido pelo papel marcante e irreverente do Sargento Pincel, em “Os Trapalhões”, da TV Globo, o ator Roberto Guilherme, de 84 anos, morreu na manhã desta quinta-feira (10), no Rio de Janeiro. O artista, que também era dublador, estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul.
A informação foi confirmada pela família do artista. Pinça, como também era carinhosamente chamado, lutava contra um câncer havia alguns anos. Ele estava na segunda fase de quimioterapia contra a doença.
O Sargento Pincel contracenava com o Soldado 49, interpretado por Renato Aragão, o Didi. A careca, que virou sua marca registrada, surgiu no programa, com o ator tendo os cabelos raspados em uma esquete humorística.
Vida e carreira
Antes de se mudar para o Rio de Janeiro, aos 8 anos de idade, ele morou na cidade de Natal (RN), e aos 11 anos, começou a trabalhar em uma loja que fazia e consertava tamancos. Aos 14, passou a jogar futebol profissionalmente, como ponta-esquerda, no Vasco da Gama.
Quatro anos depois, ele se alistou no Exército e tornou-se paraquedista. Entretanto, não abandonou o futebol. Ele chegou a disputar partidas pela Seleção Brasileira Militar de Futebol ao lado de Pelé. Representando o Brasil, Roberto Guilherme disputou partidas nos Estados Unidos, Inglaterra, Panamá, e Colômbia, e foi campeão sul-americano na categoria.
Ainda no Exército, ele escreveu uma peça de teatro amador encenada no Olaria Atlético Clube, na Zona Norte do Rio. Mas um dia um ator faltou, e Guilherme acabou o substituindo. Um produtor viu a peça, e convidou Roberto Guilherme para trabalhar na TV Rio.
Em 1963, o agora ator, foi para a TV Excelsior, onde conheceu Renato Aragão, o Didi. Eles contracenaram pela primeira vez no humorístico “Um Dois, Feijão Com Arroz” (1965), que ainda tinha no elenco Dedé Santana, Dary Reis e Átila Iório. Depois, o ator passou a fazer parte do elenco fixo de “Adoráveis Trapalhões”, que tinha como astros principais Didi, Ted Boy Marino, Ivon Cury e Wanderley Cardoso.
Com o mesmo elenco, também atuou em “Os Legionários” (1965), onde interpretava um militar, que não tinha nome, mas era o embrião do Sargento Pincel. Na Excelsior, ele ainda atuou no programa de aventuras “002 Contra o Crime” (1965) e na novela infanto-juvenil “A Ilha do Tesouro” (1966).
Da Excelsior, Roberto Guilherme foi para a TV Record, onde viveu o Sargento Pincel pela primeira vez, no programa “Quartel do Barulho” (1966). Depois, passou a fazer dupla com Renato Aragão no programa “Praça da Alegria”, ainda na Record. A convite de Wilton Franco, Roberto Guilherme retornou a Record, para trabalhar no programa “Os Insociáveis” (1971-1974), que reunia no elenco Didi, Dedé, Mussum e a cantora Vanusa.
Em 1969, o ator foi para a TV Tupi, trabalhar com Costinha no programa “Do Que Se Trata” (1969). E ao lado de José Santa Cruz formou a dupla Jojoca e Xexéu, que fez muito sucesso no programa “Telecentral do Riso”. Roberto Guilherme era Xexéu, um valentão que usava da ingenuidade de Jojoca para aplicar golpes e conquistar as garotas.
Em 1975, a trupe foi para a Tupi, e Zacarias passou a ser o quarto integrante do quarteto. Surgia “Os Trapalhões”. Roberto Guilherme também fazia parte do programa, com personagens de apoio. O programa ficou no ar até 1976. Na Tupi, Roberto Guilherme também fez parte do programa jornalístico “Abertura”, idealizado por Fernando Barbosa Sobrinho.
Em 1980, o ator chegou a fazer teste para interpretar o palhaço Bozo, no SBT, mas perdeu a vaga para Wandeko Pipoca. Em 1981, Guilherme foi para a TV Globo, onde participou de programas como “Viva o Gordo” e “Balança Mais Não Cai”.
No entanto, foi no retorno de “Os Trapalhões”, que ficou na memória do público. Entre 1982 a 2013, atuou em diversos projetos liderados por Renato Aragão, inclusive “Os Trapalhões em Portugal” (1995-1997), produzido pela SIC (televisão portuguesa).
Crédito: portal g1