Foi preso na manhã desta terça-feira (28) o autor do assassinato da estudante universitária de Rio Bonito, Matheusa Passareli, no Morro do Dezoito, em Água Santa, Zona Norte do Rio. O homem, identificado como Manuel Avelino de Sousa Junior, confessou o crime e deu detalhes do homicídio, que ocorreu há mais de um ano, no dia 28 de abril de 2018. O acusado foi detido por agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA)
Manuel Avelino, conhecido também como “Peida Voa” e “Cão Açougueiro”, é o esquartejador do tráfico. Ele não possuía passagens pela polícia e trabalhava como porteiro em um condomínio próximo à comunidade onde Matheusa foi morta.
“Ele foi o autor do disparo e também o esquartejador, confessando o crime. Ele é chamado de “Cão Açougueiro” porque é o “esquartejador oficial” dos traficantes. Quando não se tem o corpo a prisão é de extrema importância a confissão. Isso também tranquiliza a família”, explica a delega Elen Souto, responsável pelo caso.
Um mandado de prisão foi expedido contra o acusado pela 1ª Vara Criminal da Capital por homicídio e ocultação de cadáver. Elel seria responsável pelo esquartejamento de outras vítimas no Morro do Dezoito. “É uma pessoa extremamente cruel, responsável pelos esquartejamentos no Morro do Dezoito. É uma prisão de extrema importância”, afirma a delegada.
‘Cão açougueiro’ deu detalhes do crime
O assassino confesso da estudante, que nasceu e foi criada em Rio Bonito, afirmou em depoimento ser segurança do gerente do tráfico Genilson Madson Dias Pereira, o GG. Ele estaria de plantão na comunidade no dia em que Matheusa apareceu, por volta das 2h. Ele foi acionado e lhe foi informado de que a universitária não apresentava comportamento agressivo, estando apenas desorientada e nua, sem conseguir se comunicar. Um dos gerentes do tráfico na comunidade ordenou que “dessem uma surra” em Matheusa e logo depois a dispensassem. Porém, o Cão Açougueiro foi acionado novamente quando, supostamente, a estudante surtou e tentou invadir a casa de um morador. Foi o momento em que ele agarrou a jovem pelo pescoço e disparou em seu abdômen com um tiro de fuzil.
Matheusa ainda levou mais um tiro após cair no chão e, segundo informações, teria agonizado por meia hora no local. Os traficantes responsáveis pela função de “atividade” no local foram chamados para ocultar o corpo. Eles a levaram até o alto do morro, onde a vítima foi esquartejada com um facão e colocada em um tonel onde foi ateado fogo em seguida. Segundo o Cão Açougueiro, após o assassinato, todos os envolvidos voltaram às suas atividades normais no morro.
O assassino deu um tiro de fuzil em Matheusa, que caída no chão, ainda agonizou por cerca de 30 minutos no local. O gerente que havia mandado agredir a estudante determinou que “sumissem” com o corpo. Dois traficantes que exerciam a função de “atividade” no morro foram chamados e arrastaram a vítima até o alto do morro, onde usaram um facão para esquartejá-la.
“Conforme esquartejavam o corpo, foram colocando as partes em um tonel de aço. Após concluírem, o declarante ateou fogo no interior do tonel”, disse “Peida Voa” no depoimento à DDPA. Ele afirma que depois de queima
rem Matheusa, todos voltaram “normalmente” aos seus postos.
Devido a grande repercussão do caso, Manuel Avelino deixou a comunidade na época. Porém, continuou sendo investigado pela DDPA. Outro fator que o levou a abandonar o tráfico foi o fato de que sua esposa estava grávida. Após deixar a comunidade, o acusado trabalhou informalmente em um ferro velho e, depois, como ajudante de pedreiro. Dois meses depois, conseguiu um emprego de carteira assinada no condomínio onde foi preso.
Relembrando o caso
Matheusa foi julgada pelo tribunal do tráfico e morta com um tiro de fuzil em abril do ano passado. Ela estudava Artes Visuais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e chegou a ser dada como desaparecida após fugir de uma festa. Amigos e familiares estavam à sua procura, divulgando suas fotos e pedindo por informações na internet, antes de sua morte ser confirmada. A jovem, de Rio Bonito, foi capturada por traficantes após subir o morro nua e desorientada. Matheusa havia ido em uma festa no Encantado e deixou o local depois que a aniversariante, que seria tatuada pela riobonitense, cancelou o trabalho.
A estudante foi interrogada pelo GG e pelo Cão Açougueiro, e foi condenada pelo chefe do tráfico no local, Messias Gomes Teixeira, o Feio. A região onde ela foi executada é conhecida como Pedrão. Seus restos nunca foram encontrados. Também tiveram a prisão preventiva decretada o Genilson Madson Dias Pereira, o GG, e Messias Gomes Teixeira, o Feio. Ele foi preso. Já o GG acabou morto em confronto com policiais em março deste ano.