O Instituto Butantã decidiu atrasar a divulgação dos resultados de eficácia da vacina Coronavac para já submeter à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em até dez dias, os dados da análise final do estudo e não da chamada análise interina, feita com informações de menos voluntários. A Coronavac é desenvolvida pela faarmacêutica chinesa Sinovac e produzida em parceria com o Butantã.
O Estadão apurou que a decisão foi tomada após os pesquisadores perceberem que o total de infectados no grupo de participantes havia crescido e ultrapassado a marca de 151 contaminações, suficiente para a análise final de eficácia. Anteriormente, a análise seria feita com dados de pouco mais de 70 contaminados.
O aumento de infecções entre os voluntários aconteceu mais rápido do que o Butantã esperava por causa da alta de casos da doença no Estado de São Paulo e em todo o País. A Coronavac é testada em 13 mil voluntários distribuídos em 16 centros de pesquisa de todas as regiões.
Com dados de mais voluntários, os resultados ficarão estatisticamente mais robustos, o que aumentará a chance do Butantã de obter registro rápido da Anvisa. Há expectativa no governo de São Paulo de que esse dossiê seja entregue à Anvisa até o dia 23 de dezembro.
A agência já foi informada, em reunião com pesquisadores do Butantã, da mudança de estratégia do instituto. O Butantã segue com a intenção de submeter os dados pelas duas vias possíveis: registro regular e uso emergencial.
Ao mesmo tempo, a Sinovac deverá entrar com pedido de registro na agência regulatória chinesa, que pode deliberar sobre o assunto em poucos dias, já que, no país asiático, a vacina já tem autorização para uso emergencial em públicos específicos, como trabalhadores de serviços essenciais.
Caso a agência chinesa dê o registro à Coronavac antes, a Anvisa terá 72 horas após a aprovação na China para se manifestar sobre o registro no Brasil.