Dois meses depois da morte da jovem Vitórya Melissa Motta, assassinada aos 22 anos por um colega de curso em um shopping de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, a Justiça do Rio realizou, nesta segunda-feira, na 3ª Vara Criminal do Fórum de Niterói, a primeira audiência para julgamento do caso, com a presença de testemunhas de defesa e de acusação. Réu por feminicídio, Matheus dos Santos da Silva, de 21 anos, encontra-se preso preventivamente e também participou da audiência. Vitórya foi morta a facadas na praça de alimentação do centro comercial. À época, um sentimento não correspondido de Matheus pela jovem foi apontado como a motivação para o crime.
Ao todo, 14 testemunhas foram ouvidas durante as oitivas, que começaram às 13h40 e duraram cerca de quatro horas. Entre elas, estão policiais que participaram da investigsação, amigos próximos de Vitórya e funcionários do shopping, como seguranças e trabalhadores de lojas. A mãe da vítima, Marcia Maria Mota, também depôs, bem como uma tia e um irmão de Matheus. Apenas uma pessoa convocada, identificada como colega dos dois no curso para auxiliar de enfermagem, não compareceu à audiência. Ao prestar depoimento, o réu optou por permanecer em silêncio.
Ao depor em juízo, várias testemunhas destacaram a frieza do réu, que permaneceu de cabeça baixa enquanto esteve na sala a audiência. Abalada, uma funcionária do shopping, presente no momento do crime, relatou o desespero de Vitórya durante o ataque:
— Lembro que quando ela ainda estava viva eu a ouvi dizendo: “Socorro! Ele vai me matar!”.
Já um dos seguranças que prestou depoimento afirmou que, ao ser questionado sobre o ocorrido logo após o crime, Matheus se apresentou apático:
— Ele não expressava qualquer reação.
A mãe de Vitórya acompanhou todos os depoimentos ao lado de amigos da filha e de outros parentes. Ao ser ouvida, ela entregou o celular da filha, para que ele seja analisado no curso do processo. Marcia Maria também externou incômodo com o relato fornecido por alguns seguranças:
— Quando eu cheguei no local depois do acontecido, não tinha nenhum segurança. Quando me viram, apareceram vários — afirmou.
Uma tia de consideração de Vitórya também comentou o conteúdo dos depoimentos:
— Até agora, não houve qualquer novidade para nós sobre o caso. O que a gente espera é que a justiça seja feita — disse Patrícia Sodré.
Após ouvir as testemunhas, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce decidiu que o réu irá a júri popular. A defesa abriu mão de recurso, e o julgamento será marcado. Até lá, Matheus permanecerá preso.
Antes da audiência, a defesa do acusado chegoua entrar com um pedido de que um laudo de insanidade mental fosse produzido. A juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, porém, não autorizou o exame. Em um trecho da decisão, ela fundamenta que “não há nos autos qualquer indício de que o réu seja acometido de distúrbio psiquiátrico”.
Fonte: Jornal Extra