O navio de recuperação Horizon Arctic já entregou todos os detritos que conseguiu coletar dos destroços do submersível Titan no fundo do mar do Atlântico.
Conforme demonstrado pela quantidade de material que chegou ao litoral, o robô de águas profundas do navio conseguiu resgatar componentes importantes.
Isso pode ajudar os investigadores a chegar à causa da implosão catastrófica do Titan há 11 dias, que matou cinco pessoas.
Trabalhadores do cais em St John’s, em Newfoundland, tentaram cobrir os fragmentos, mas algumas peças ainda eram claramente identificáveis.
Uma das partes mais proeminentes é a tampa frontal de titânio e fibra de carbonodo submarino em forma de cilindro.
Parecendo uma rosquinha de metal, o buraco no meio é onde ficava a janela para observação externa.
O braço do guindaste passou direto pelo buraco. Não se sabe onde está a janela de acrílico agora. Especialistas questionaram a força da janela e se ela seria capaz de lidar com a pressão a 4 km de profundidade. Mas não é possível chegar a qualquer conclusão apenas olhando as imagens.
Também foram trazidos para terra o que pareciam ser os flanges de titânio — os anéis de metal colados em cada extremidade do casco cilíndrico de fibra de carbono do Titan. Os flanges fariam contato com as tampas das extremidades.
Os flanges e sua junção com a fibra de carbono serão centrais na investigação das autoridades americanas e canadenses.
“Acho que as partes principais a serem observadas são a interface entre a janela de acrílico e o titânio, cúpulas hemisféricas ou tampas; e também a área onde a fibra de carbono teria sido ligada aos flanges de titânio”, disse Blair Thornton, professor da Universidade de Southampton, no Reino Unido.
“Você pode ver… que ambos os componentes foram recuperados, o que é o máximo que podemos esperar para aprofundar as investigações”, disse ele à BBC.
Vários sacos de destroços foram colocados em caminhões. Não temos ideia do que havia neles. Poderia haver pedaços do próprio casco de fibra de carbono?
Se houver, os investigadores vão querer examiná-los em busca de qualquer evidência de que as camadas de carbono começam a se separar — um processo conhecido como delaminação — especialmente no ponto onde elas se juntam aos flanges. As camadas de fibra de carbono podem começar a se separar em configurações extremas.
Um dos itens maiores a desembarcar foi o compartimento traseiro do equipamento. Embora coberto por um cone de cauda pontiaguda ao mergulhar, trata-se de uma gaiola aberta. É evidente pelas fotos que o cone sofreu danos extensos quando foi arrancado do submarino.
Observe-se a longa haste saliente. Esta é uma antena que normalmente se conectaria à rede de telefonia via satélite Iridium quando o submarino estivesse na superfície do mar.
A antena teria recebido energia de forma independente e o fato de nenhuma mensagem ter sido recebida por este sistema depois que o Titan começou seu mergulho foi uma forte indicação durante a fase de busca de que o veículo nunca chegou a retornar para a superfície.
Os longos suportes de metal são o que resta da estrutura de pouso, que o Titan costumava colocar em uma superfície plana, como na oficina ou na barca de lançamento. As seções recuperadas teriam sido anexadas aos anéis de titânio nas extremidades.
Os grandes painéis brancos vistos no cais faziam parte do revestimento externo ou da carenagem do submarino. Eles foram usados para cobrir fios e tubos que corriam ao longo do exterior do casco de fibra de carbono.
Alguns disseram que esses painéis seriam os próprios fragmentos do casco, mas os pedaços do vaso de pressão de fibra de carbono seriam pretos, grossos e rígidos. Esses painéis brancos, em contraste, dobraram quando foram colocados no caminhão.
O que não vimos sendo retirados do navio foram os contêineres que poderiam ter sido usados para mover restos humanos. A Guarda Costeira dos EUA diz que possivelmente está em posse desse material.
Crédito: g1