Seca ou estiagem? Saiba a diferença entre os dois fenômenos climáticos

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Foto: MICHAEL DANTAS / AFP

A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), reconheceu situação de emergência em 71 municípios da Amazônia Legal. Destes, 26 são por conta da estiagem e 45, pela seca. Ao todo, mais de 330 mil habitantes das áreas em emergência foram afetados pelos incêndios na região. A diferença entre estiagem e seca ainda é algo que pode confundir a população. Desde o tempo de duração até a diminuição extrema de recursos hídricos, conheça melhor os dois fenômenos climáticos.

Brasília chegou nesta quarta-feira (11) à marca de 141 dias de estiagem, de acordo com o Instituto Brasileiro de Meteorologia (Inmet). A previsão do retorno das chuvas na capital é só em outubro. Em um ranking feito pelo Inmet sobre o número de dias sem chuva, o ano de 2024 encontra-se, por enquanto, na 4ª colocação, ficando atrás somente de 1995 (143 dias), 2004 (147 dias) e 1963 (163 dias).

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por sua vez, informou que o país está passando pela pior seca em 70 anos, ao utilizar o Índice de Precipitação Padronizado de Evapotranspiração para avaliar todos os anos, desde 1950. Em boletim publicado referente a agosto, o Cemaden ainda prevê que 4.583 municípios brasileiros enfrentarão algum grau de seca ao longo do mês de setembro, com 232 em seca severa.

Estiagem

Para Michael Becker, mestre em engenharia ambiental pela Universidade Técnica de Cottbus, na Alemanha, estiagem “refere-se a um período prolongado de tempo com precipitação abaixo da média esperada para uma determinada região e período do ano. “É caracterizada pela escassez temporária de chuvas, o que pode afetar a disponibilidade de água, principalmente para a agricultura. Estiagens são eventos climáticos que podem variar em intensidade e duração”, explicou.

Se a previsão do Inmet do retorno das chuvas se consolidar, 2024 ficará empatado com a pior estiagem registrada no DF. Logo na frente de Brasília está Belo Horizonte, que chegou hoje à marca de 145 dias sem chuvas

Becker destaca que a estiagem pode ter impactos variados, tanto para o ecossistema quanto para os municípios que passarem por esse período. “Na estiagem pode ser que a gente tenha perdas de safra. O que acontece com o café. O café sofre bastante com a falta d’água. Então, você vai ter uma perda da safra ou diminuição, pelo menos. E aí, depois, você vai ter um aumento eventual do preço”, afirmou.

Seca
De acordo com o mestre em engenharia ambiental, a seca é um evento mais abrangente e complexo. Envolve não apenas a falta de precipitação, mas também considera o impacto das condições meteorológicas, do solo e da demanda humana sobre os recursos hídricos. “Uma seca pode ser causada por estiagens persistentes, mas também por outros fatores como altas temperaturas, evaporação elevada, baixa umidade relativa do ar, entre outros”, enfatizou.

Na medição feita pela Defesa Civil do Acre, hoje, às 6h, o Rio Acre, apesar de ter se mantido estável, ainda registrava 1,28 metros de profundidade. Esse é o 2º menor nível histórico, ficando atrás apenas de setembro de 2022, quando registrou 1,25m. Além do Rio Acre, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) informou que os rios Madeira, Branco e Solimões estão com os níveis mais baixos desde o início das medições. O Rio Madeira, em Porto Velho, por exemplo, chegou aos 69 centímetros.

A coordenadora do curso de Ciências Biológicas, Morgana Bruno, da Universidade Católica de Brasília, comenta os prejuízos que a seca pode trazer. “Em períodos de seca, você vai ter ali um dano que pode ser a perda total da vegetação. E, em sequência, quando você perde a vegetação, você está perdendo os produtores primários do sistema. Então, desse sistema que tem um produto primário, você tem, na cadeia, todos os outros que dependem dele. E perde também os consumidores primários, secundários e terciários”, contou.

Morgana diz também que, nos períodos de seca mais severa, muitos problemas de saúde relacionados atingem as populações que estão sofrendo com esse fenômeno. “Você tem, nesses locais, surtos de diarreia, principalmente em crianças, você tem, às vezes, a concentração de alguma substância tóxica. Você tem ali um comprometimento quando o ambiente está muito seco. Tem a mudança do clima sem mudança na qualidade do ar. Isso faz com que as pessoas tenham crises respiratórias. Tudo isso demanda saúde, demanda do poder público para que a população não sofra.”

Fonte: correiobrasilience.com.br

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