Operação mira call center que cobrava por orações em Niterói

Segundo as investigações, os atendentes se passavam por um pastor utilizando áudios gravados com promessas de cura e milagres, e eram direcionadas a realizar PIX.
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Blasfemia
Foto: Polícia Civil

A Polícia Civil de Niterói (76ª DP) realizou uma operação contra um call center que cobrava por orações. A operação desta quarta-feira (24), denominada Blasfêmia, segundo a polícia, foi contra uma quadrilha que se passava por um pastor e cobrava de fiéis, valores para realizar orações, prometendo curas e milagres. O grupo atuava a partir de uma central de telemarketing, no Centro de Niterói, via WhatsApp. A ação foi realizada em conjunto com o Ministério Público.

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O objetivo da operação foi cumprir mandados de busca e apreensão em decorrência de inquérito da 76ª DP que apurou os crimes de estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro.

“Pelo que foi apurado, o que realmente motivava o grupo criminoso não era o atendimento religioso, mas a exploração financeira da fé, sem nenhum escrúpulo”, comenta o titular da delegacia de Niterói, delegado Luiz Henrique Marques Pereira.

“A atuação de líderes religiosos na arrecadação de dízimos e ofertas é permitida dentro do princípio da liberdade religiosa, garantida pela Constituição Federal. No entanto, quando essa arrecadação ocorre por meio de fraude, ultrapassa o campo da fé, sendo considerando conduta criminosa”, explicou a autoridade policial. 

As investigações revelaram uma estrutura sofisticada de telemarketing religioso, onde dezenas de atendentes eram contratados por meio de anúncios em plataforma on-line de vendas. Os selecionados, sem qualquer vínculo religioso com a instituição, eram orientados a se passarem pelo líder religioso durante atendimentos via WhatsApp.

Durante as conversas com as vítimas, os atendentes simulavam ser o pastor de uma igreja de São Gonçalo, utilizando áudios previamente gravados com promessas de curas e milagres, condicionadas à realização de transferências bancárias via pix. Os valores cobrados variavam entre R$ 20 e R$ 1,5 mil, conforme o “tipo de oração” oferecida.

Para dar vazão ao grande volume de arrecadações, o grupo se utilizava de uma rede de contas bancárias registradas em nome de terceiros, dificultando o rastreamento das movimentações financeiras. Os atendentes eram remunerados por comissões proporcionais à arrecadação semanal e submetidos a metas rígidas de desempenho. Aqueles que não atingiam o valor mínimo estipulado eram dispensados.

A investigação teve início em fevereiro deste ano, quando a polícia identificou a existência de um call center, onde foram flagradas 42 pessoas realizando atendimentos virtuais. Na ocasião, 52 telefones celulares, seis notebooks e 149 cartões pré-pagos de telefonia móvel foram apreendidos. A análise desse material confirmou a atuação coordenada do grupo e permitiu identificar milhares de vítimas em todo o território nacional.

Durante a apuração, foi realizada também investigação financeira, que identificou movimentações superiores a R$ 3 milhões em um período de dois anos. Com base nos elementos colhidos, foram decretados o sequestro de bens e o bloqueio de contas bancárias dos investigados, bem como de empresas a eles vinculadas.

Nas diligências desta quarta, os policiais encontraram uma grande quantidade de dinheiro em espécie na residência do pastor, como: R$ 32.450, 1.800 Euros, 750 Libras Egípcias e 90 Dólares.

Nessa primeira fase, o pastor e outros 22 integrantes do grupo foram denunciados. Além disso, foi deferida medida cautelar de monitoramento por tornozeleira eletrônica em face do pastor. As investigações seguem com o objetivo de identificar novas vítimas e eventuais participantes da organização.

Polícia Civil deflagra Operação Blasfêmia – Foto: Polícia Civil

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