Uma associação nacional ligada à defesa do consumidor está processando a G.A.S – a empresa de Glaidson dos Santos – e pede à Justiça que a companhia deposite R$ 17 bilhões para ressarcir ex-clientes do “faraó dos bitcoins”.
Protocolada na terça-feira (1º) no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a petição da Associação Nacional Centro da Cidadania em Defesa do Consumidor e Trabalhador (Acecont) foi distribuída à 2ª Vara Empresarial da Capital, que ainda não analisou o pedido.
No documento encaminhado ao g1, além do depósito bilionário, os autores da ação também pedem que seja responsabilizada no processo a advogada Mônica Lemos.
Entretanto, segundo a também advogada Renata Mansur, uma das autoras da ação contra a G.A.S, os valores que a Justiça conseguiu bloquear até hoje não cobrem os prejuízos dos clientes.
“O movimento agora é para que a empresa tenha um meio de pagar os clientes, depositando os valores na 2ª Vara Empresarial”, explicou a advogada.
Os autores da ação dizem que Mônica e o marido dela, Samuel Lemos, eram sócios de Vicente Gadelha (um dos alvos da Operação Kryptos) numa empresa que movimentava o dinheiro da G.A.S.
Renata Mansur disse que o resultado da ação na vara empresarial pode “encurtar” o caminho para que os ex-clientes da G.A.S recebam o dinheiro investido. Até agora, segundo a advogada, a empresa alega que não está fazendo os depósitos porque a Justiça bloqueou as contas da G.A.S.
O g1 não conseguiu entrar em contato com a advogada Mônica Lemos.
Lives para clientes
Na ação que agora corre na 2ª Vara Empresarial, os autores disponibilizaram links de transmissões ao vivo de Mônica Lemos numa rede social nas quais ela se dirige a clientes da G.A.S.
Num dos vídeos, de 25 de outubro de 2021, a advogada diz a moradores de São Domingos de Pombal, na Paraíba, que conversou com Glaidson dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio.
“Sexta-feira eu estive no Rio de Janeiro e estive no Complexo de Gericinó. E na ocasião, em visita a outro cliente, eu pude conversar com o senhor Glaidson, separada por um vidro. Conversei com ele ali algumas horas, mais precisamente duas horas. E ele mandou um recado pros clientes dele”, afirmou.
Em outro trecho, Mônica também menciona Vicente Gadelha, sócio da G.A.S.
“Eu conheci Vicente e conheci Glaidson. E conheci Vicente quando tudo começou na vida da gente com a G.A.S. Vi ali um homem simples, com português falho, mas um homem de caráter, um homem honesto”, disse.
Discurso contra ações individuais
No discurso, Mônica também pediu “paciência” aos clientes da G.A.S, afirmando que as pessoas que entraram com “ações autônomas” contra a empresa não conseguiriam nada.
A advogada acrescentou que as ações individuais prejudicariam a imagem da G.A.S.
“É preciso só suportar um pouquinho esse processo. Peço a vocês um pouco de paciência, não em nome da GAS, mas como cliente. Porque essas ações autônomas, elas atrapalham, refletem de uma forma muito negativa no processo criminal. Toda ação autônoma que abre na esfera cível, ela tem uma certa ligação com o processo criminal. E isso é ruim pra empresa. Isso vai dificultar mais à frente um acordo, vai dificultar a imagem da empresa perante à Justiça.”
Também no vídeo, Mônica diz aos moradores do sertão paraibano que eles precisavam se “fortalecer emocionalmente”, e orientou as pessoas a pararem de “ouvir fakenews”.
Ao relatar a visita a Glaidson na prisão, a advogada afirmou ter encontrado um “homem íntegro” e “forte”, e que estava “buscando Deus”. “Ele está muito convicto de que vai sair disso e vai poder provar a sua inocência, até porque nós não sabemos que houve lesão.”
Crédito: Portal g1