A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (30), uma nova fase da operação que investiga um grupo suspeito de praticar golpes financeiros contra mais de 50 mil vítimas em todo o Brasil e no exterior. A primeira ação ocorreu em 2023.
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De acordo com as investigações, o grupo era composto por pastores que induziam fiéis que frequentavam suas igrejas a pensar que eram “abençoados a receberem grandes quantias”. Os suspeitos usavam uma teoria conspiratória conhecida como “Nesara Gesara” e prometiam lucro de até um “octilhão” de reais (veja detalhes abaixo).
Nesta fase da operação, os policiais cumpriram 16 mandados de busca e apreensão contra os principais membros em atividade no Distrito Federal e seis estados:
- Goiás;
- Minas Gerais;
- Pará;
- Paraná;
- Santa Catarina;
- São Paulo.
Também são cumpridas medidas cautelares de bloqueio de valores, bloqueio de redes sociais e decisão judicial de proibição de utilização de redes sociais e mídias digitais.
Entenda o esquema
Em 2023, a Polícia Civil apontou que o grupo movimentou R$ 156 milhões em 5 anos, além de criar 40 empresas fantasmas e movimentar mais de 800 contas bancárias suspeitas. De acordo com as investigações, os suspeitos usavam redes sociais para cometer os golpes.
O objetivo era convencer as vítimas a investirem suas economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias. O pastor Osório José Lopes Júnior foi um dos alvos presos na operação de setembro de 2023.
A Polícia Civil afirma que o grupo era composto por 200 integrantes, incluindo dezenas de pastores. A investigação aponta que os investigados prometiam retorno “imediato e rentabilidade estratosférica”.
Em seguida, ainda segundo as investigações, os suspeitos criavam pessoas jurídicas fantasmas para simular instituições financeiras digitais com alto capital social declarado. A intenção era dar aparência de veracidade e legalidade às operações financeiras.
Segundo a Polícia Civil, as vítimas assinavam contratos falsos, com promessas de liberação de quantias desses investimentos, que estariam registrados no Banco Central e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).
Segundo o delegado responsável pelo caso à época, Marco Aurélio Sepúlveda, os golpistas recebiam dinheiro dos “investidores” diariamente (veja vídeo no início da reportagem). O delegado explicou que as vítimas compravam “cotas” oferecidas pelos criminosos com a promessa de que o dinheiro investido geraria lucros muito grandes no futuro.
‘Octilhão’ existe?
O número parece inventado e até o corretor ortográfico estranha a escrita. Mas, afinal, esse número existe?
Sim, ele existe na escala numérica! Afinal, os números são infinitos, explica Ricardo Balistiero, que é doutor e professor de economia no curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).
Entretanto, é impossível aplicá-lo em uma escala financeira realista – o octilhão tem três vezes mais zeros do que o bilhão.
Crédito: Afonso Ferreira, TV Globo
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