Com os votos de 42 senadores, Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi eleito neste sábado (2) presidente do Senado Federal para os anos de 2019 e 2020. O senador Espiridião Amim (PP-SC) obteve 13 votos, o senador Angelo Coronel (PSD-BA) teve 8 votos, o senador Reguffe (sem partido-DF) recebeu 6 e o senador Fernando Collor (Pros-AL) obteve 3 votos. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) retirou sua candidatura durante a segunda votação em cédulas, após a anulação da primeira votação, mas obteve ainda 5 votos. Quatro senadores não votaram.
O mandato de Davi Alcolumbre à frente da Presidência do Senado Federal começa neste sábado, 2 de fevereiro de 2019, e vai até 31 de janeiro de 2021. Ele não poderá concorrer à reeleição em fevereiro de 2021, pois a Constituição proíbe a recondução dentro da mesma legislatura. A legislatura é o período de quatro anos, cuja duração coincide com a dos mandatos dos deputados federais. A 56º Legislatura, que começou com a posse dos novos senadores e deputados federais na sexta-feira (1º), compreenderá os biênios de 2019/2020 e 2021/2022, terminando em 31 de janeiro de 2023.
Como presidente do Senado, Alcolumbre é também agora quem preside o Congresso Nacional e é o terceiro brasileiro na linha sucessória do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, atrás do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Na primeira votação, a contagem dos votos depositados na urna revelou 82 cédulas, duas delas sem envelopes. Por consenso, os senadores decidiram anular os votos do primeiro escrutínio e fazer nova votação. As 82 cédulas da primeira votação foram trituradas sem serem apuradas. A eleição mais concorrida no Senado nos últimos anos começou com nove candidatos, mas os senadores Alvaro Dias (Pode-PR), Major Olimpio (PSL-SP) e Simone Tebet (MDB-MS) acabaram por retirar suas candidaturas antes da votação, em favor de Alcolumbre. Renan retirou a sua durante a segunda votação, criticando a abertura do voto por senadores.
Aos 41 anos, Davi Alcolumbre é o senador mais novo a ser eleito para o cargo de presidente do Senado nas últimas décadas. Em 1971, Petrônio Portela assumiu seu primeiro mandato como presidente do Senado com 45 anos. Desde então, todos os presidentes eleitos do Senado já tinham mais de 49 anos completos quando assumiram o cargo.
Senador é alvo de inquéritos no STF
O novo presidente da Casa é alvo de acusações no Supremo Tribunal Federal, de crimes eleitoras, contra a fé pública, e uso de documentos falsos. Um deles corre em segredo de Justiça. Outro foi denunciado pelo Ministério Público Federal do Amapá, relatando irregularidades cometidas pelo senador nas Eleições de 2014. Alcolumbre teria utilizado notas fiscais frias para prestação de contas na campanha, além de não apresentar comprovantes bancários e contratado serviços com datas posteriores às eleições. Cheques vinculados às contas da campanha eleitoral, emitidos nominalmente a empresas que teriam prestado serviços ao então candidato, foram na verdade endereçados a Reynaldo Antônio Machado Gomes, contador da campanha de David Alcolumbre. Parte desse dinheiro teria sido sacado em espécie na boca do caixa.
No STF, os dois inquéritos ainda estão na fase de diligências que devem ser conduzidas pela Polícia Federal e não há prazo para conclusão. Outro dado que chama a atenção na prestação de contas de Alcolumbre na campanha de 2014 é doação recebida do grupo JBS. Foram R$ 138 mil no total. O senador presidiu a CPI do BNDES, que apurou irregularidades na empresa. Na época, ele negou qualquer interferência e alegou que os recursos foram recebidos dentro da lei. Para o cientista político Melillo Dinis, ainda é cedo para saber se as acusações vão atrapalhar a vida de Alcolumbre na presidência do Senado.
Já em votações importantes, Davi Alcolumbre se posicionou de maneira controversa em algumas matérias. Votou contra o afastamento do então senador e agora deputado, Aécio Neves, e a favor do reajuste dos ministros do Supremo. A relação do senador com familiares e aliados também é alvo de críticas. Alcolumbre tem como suplente o irmão, Josiel Alcolumbre. Também está lotada no gabinete dele com cargo comissionado a esposa do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzony, Denise Veberling.
Com informações da Rádio CBN e do Senado.