Operação mira violência cometida por integrantes de torcidas organizadas

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A Polícia Civil, o Ministério Público do Rio (MPRJ) e o Juizado Especial do Torcerdor realizaram, na manhã desta segunda-feira (5), uma ação de combate à intolerância esportiva, que tem como alvos integrantes de torcidas organizadas de times cariocas. A segunda fase da operação Discórdia tinha como objetivo cumprir 28 mandados de busca e apreensão na cidade do Rio e na Região Metropolitana, em endereços ligados aos envolvidos em eventos violentos dentro e fora dos estádios.

A ação foi realizada por mais de 30 equipes do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), com apoio da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte), do Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC) e do MPRJ. De acordo com as investigações, os confrontos entre as torcidas organizadas tem provocado “reiterados casos de danos ao patrimônio público e privado, lesões corporais graves e até mesmo mortes”.

A investigação analisou mais de 200 horas de filmagens e mais de 80 depoimentos. Segundo o titular da DRCI, Pablo Sartori, a primeira fase da operação foi responsável pelos pedidos de prisão de quatro presidentes de organizadas do Flamengo, Fluminense e Vasco, enquanto a que aconteceu nesta segunda-feira, identificou e realizou buscas nos endereços dos responsáveis por convocar e estimular as brigas entre as torcidas. Já a terceira pretende identificar as funções dos integrantes dessas organizações e pedir as prisões dos envolvidos.

“A partir das imagens, nós identificamos um número grande de pessoas que vão ser indiciados, eles (28 alvos) são os líderes e, a partir deles, nós pretendemos, com o que foi apreendido, mais os telefones, efetivamente formar o quadro geral de quem comanda, de quem só participa, de quem exerce algum outro tipo de atividade nessas quadrilhas e, finalmente fazer a terceira fase, que deve ser encaminhar para a Justiça, para eles serem indiciados e, dependendo do entendimento do juiz, a prisão deles”, explicou o delegado.

Segundo Sartori, alguns alvos da operação estavam com tornozeleiras eletrônicas que impedem o acesso aos estádios, mas em seus endereços foram localizados bandeiras, produtos de venda para a torcida, que estava proibida, e rojões. Ainda foram apreendidos celulares, um fuzil e uma pistola de ar, um soco inglês e bastões. O titular destacou o uso de armas não proibidas em brigas de torcidas.
“Eles sempre fazem isso, eles optam por essas que são armas nas mãos deles, quando vão ao estádio, mas que podem guardar em casa, porque isso não é proibido. Mas, todos nós sabemos e acompanhamos que, quando eles chegam no entorno do estádio com um porrete (bastão) desse, nós sabemos o que eles fazem e qual o grau de estrago que isso pode causar, uma vez que no caso que iniciou essa investigação, uma pessoa acabou morrendo”. Na noite desta segunda-feira, Flamengo e Vasco jogam no Maracanã pelo Campeonato Brasileiro.

“Eu tenho certeza que isso (a operação) passa um recado claro para esses criminosos de torcidas organizadas que fingem ser torcedores, de que não vai ser admitido (ato de violência) e se continuarem, vão acabar presos, como serão presos os que já foram identificados até agora (…) O Estado do Rio de Janeiro, através dessa força-tarefa, vai, sim, continuar lutando e vai continuar empenhando todos os esforços para tirar esses brigões, esses arruaceiros, esses criminosos dos estádios e, aí sim, poder voltar a ver o Maracanã que as famílias possam frequentar sem medo de violência, sem medo de serem pegos no meio de uma briga generalizada entre torcidas”, completou Sartori.

Em 5 de março, a briga entre torcedores do Vasco e Flamengo, em São Cristóvão, na Zona Norte, que deixou três mortos e outros nove feridos, antes do clássico no Maracanã, deu início às investigações da especializada e a uma série de medidas para evitar a violência das torcidas organizadas. No dia 13 seguinte ao episódio, o Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos (JETGE) determinou o afastamento da Raça Rubro-Negra, Jovem Fla, Força Jovem do Vasco e Young Flu de eventos esportivos, por cinco anos.
A decisão também determinou que, durante seis meses, 16 integrantes de organizadas terão que se manter afastados de estádios em dias de jogo, sendo monitorados por tornozeleiras eletrônicas. Eles não podem deixar o estado do Rio sem autorização judicial e precisam comparecer ao juízo a cada dois meses. Por conta das investigações, as quatro torcidas foram proibidas de continuar atuando e tiveram os CNPJs desconstituídos, além de contas, ativos e bens móveis e imóveis bloqueados pela Justiça.

Também foram expedidos mandados de prisão tenporária contra os presidentes Anderson Azevedo Dias, da Young Flu; Fabiano de Souza Marques, da Força Jovem do Vasco; Bruno da Silva Paulino, da Torcida Jovem do Flamengo e Anderson Clemente da Silva, da Raça Rubro-Negra, pelos crimes de organização criminosa, lesão corporal grave e tentativa de homicídio. Eles chegaram a ficar foragidos, mas, em 3 de abril, o Tribunal de Justiça do Rio revogou os pedidos, alegando que “inexiste prova de materialidade do crime de homicídio, bem como indícios mínimos de autoria que justifiquem a necessidade da medida cautelar”.

Violência entre torcidas

No último dia 16, torcedores do Flamengo e do Fluminense protagonizaram uma confusão generalizada no entorno do Maracanã, após o clássico pela Copa do Brasil. Imagens publicadas nas redes sociais mostraram diversas brigas na rampa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e na estação do Maracanã. Por conta do tumulto, a cavalaria da Polícia Militar precisou intervir e bombas de gás lacrimogêneo também foram usadas dispersar o tumulto.

Na ocasião, 30 integrantes de uma torcida organizada foram detidos em São Cristóvão e dentro do Maracanã, o ex-presidente da Raça Rubro-Negra, Alesson Galvão de Souza, que está proibido de ir ao estádio, foi preso pela PM. Ele estava em um camarote e foi conduzido ao Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos (JETGE).

No dia 30 de abril, Rodrigo Miguel de la Torre Machado Pereira, de 40 anos, foi encontrado morto na Rua Professor Lacê, em Ramos, na Zona Norte do Rio. Conhecido como Digão ou Grande, ele fazia parte da Força Jovem do Vasco (FJV) e integrava a 6ª família, que engloba bairros da Zona Norte. À época, a torcida organizada lamentou sua morte. Segundo parentes, a vítima ficou cega há quatro anos e foi atacada a tiros por três homens encapuzados, durante uma festa em um clube construído para reunir seus amigos.

No mesmo dia, dessa vez em São Gonçalo, na Região Metropolitana, Igor de Almeida Pezine, de 30 anos, foi baleado durante uma briga entre torcedores do Flamengo e Botafogo, no bairro do Colubandê. Na ocasião os dois times se enfrentaram no Maracanã, pelo Campeonato Carioca. O homem é integrante da torcida organizada Fúria Jovem do time alvinegro e estava envolvido em uma briga generalizada, quando foi atingido. Pouco depois, houve uma troca de tiros entre o mesmo grupo envolvido na confusão e o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), na Rodovia Niterói-Manilha. Ao todo, 16 pessoas foram detidas.

 

Crédito: odia.ig.com

 

 

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