A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou em reunião que vai reposicionar na Escadaria Selarón, na Lapa, seis azulejos com inscrições árabes que fazem referência à palavra Allah, que significa Deus.

Os azulejos serão realocados numa parede branca que faz parte Escadaria Selarón. A mudança, decidida na quarta-feira (27/4), foi divulgada nove meses após o influenciador digital da Arábia Saudita Thawab argumentar que é desrespeitoso, em sua cultura, ter o nome de Deus no chão, onde as pessoas podem pisar.

A reclamação e o pedido de mudança foram apoiados por representantes da comunidade muçulmana, como a Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, e por profissionais que atuam na região, como a Liga Independente dos Guias de Turismo do Rio de Janeiro.

“Por se tratar de uma obra de arte e de um bem tombado havia a necessidade de sustentar a decisão na lei e tomar uma medida que não interferisse muito no estado em que o artista deixou sua obra”, disse a presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), Laura Di Blasi.

Segundo a presidente do IRPH, agora deve ocorrer uma reunião entre órgãos municipais para avaliarem tecnicamente como será feita a remoção, a realocação e a reposição nas lacunas que ficarão com a retirada desses azulejos.

Respeito

Mohamed Zeinhom Abdien, presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, classificou a decisão da prefeitura como “muito importante” para a comunidade.

“Para nós, essa mudança significa tudo porque tudo que diz respeito a Deus é muito importante para nós”, explicou Abdien. “Estamos vendo o interesse em tentar solucionar um problema nosso”, comentou sobre a deliberação da gestão municipal.

Escadaria Selarón

Conhecida como Escadaria Selarón, a Escadaria do Convento de Santa Teresa reúne mais de dois mil azulejos coloridos colocados pelo artista chileno Jorge Selarón.

A obra, que tem 125 metros de comprimento e 250 degraus, é a terceira atração mais visitada por turistas. Os primeiros lugares mais buscados são o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, segundo a RioTur.

Crédito: Metrópoles