O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe apontou que foi asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda as causas da morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, o homem imobilizado por policiais rodoviários federais e colocado dentro do porta-malas de uma viatura, onde inalou gás, nesta quarta, em Umbaúba (SE). O resultado da análise foi confirmado pela Secretaria de Segurança Pública na manhã desta quinta-feira (26).
Ainda segundo a SSP, outros exames foram realizados para detalhar a razão da morte. O corpo foi liberado do IML, em Aracaju, por volta das 22h30. O velório ocorre na casa da mãe do homem, no povoado Mangabeira, em Santa Luzia do Itanhy. Ele era casado e deixa um filho.
Segundo a família, a vítima tinha esquizofrenia e tomava remédios controlados há cerca de 20 anos.
O g1 tenta contato com a assessoria de comunicação da Polícia Rodoviária Federal para falar sobre o laudo. O órgão abriu um procedimento disciplinar para averiguar a conduta dos policiais envolvidos. A Polícia Federal também vai investigar o caso.
A Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe está acompanhando os desdobramentos e disse, em nota que, “tem respeito pelas instituições, mas não compactua com qualquer tipo de violência ou de tortura”.
Entenda
A vítima estava em uma motocicleta quando foi abordado pelos policiais. Um sobrinho informou que o tio tinha esquizofrenia.
“Eu estava próximo e vi tudo. Informei aos agentes que o meu tio tinha transtorno mental. Eles pediram para que ele levantasse as mãos e encontraram no bolso dele cartelas de medicamentos. Meu tio ficou nervoso e perguntou o que tinha feito. Eu pedi que ele se acalmasse e que me ouvisse”, disse o sobrinho da vítima, Wallyson de Jesus.
Mesmo diante da sua tentativa de diálogo, os policiais fizeram o uso de spray de pimenta e o colocaram dentro do porta malas da viatura. “Eles jogaram um tipo de gás dentro da mala, foram para delegacia, mas meu tio estava desacordado. Diante disso, os policiais levaram ele para o hospital, mas já era tarde”.
A família informou que registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia da cidade. A Polícia Civil confirmou o registro do caso e a coleta de alguns depoimentos, que já foram prestados por familiares e testemunhas na delegacia da cidade.
O que diz a PRF
Por meio de nota, a Polícia Rodoviária Federal informou que, durante uma ação policial o homem resistiu “ativamente” à abordagem.
O texto diz ainda que, em razão da sua agressividade, foram empregadas técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção. E que “ele foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil. No entanto, durante o deslocamento, passou mal, foi socorrido e levado para o Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito”.
A equipe registrou a ocorrência na Polícia Judiciária, que irá apurar o caso. A PRF também lamentou o ocorrido.
Crédito: g1