PM de Itaboraí teria entregado traficantes para milicianos e recebido BMW como recompensa

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Após a operação que prendeu mais de quarenta pessoas suspeitas de integrarem milícia em Itaboraí, a polícia começou a desvendar as práticas dos grupos paramilitares em atuação na cidade. Em depoimento aos agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), acusados que foram presos detalharam que policiais de Itaboraí recebiam recompensas dos grupos de milícia. A ação de entregar traficantes para os milicianos era chamada de “venda de cabeças”. Um policial do 35º BPM da cidade teria até mesmo sido recompensado pelos suspeitos com uma BMW, um carro de luxo.

A prática de “venda de cabeças” começava com a prisão de suspeitos em operações da polícia militar. Os presos eram levados até os milicianos, eram mortos e enterrados em cemitérios clandestinos. Os PMs receberiam, em troca, recompensas dos grupos paramilitares.

Nos dias 24 e 25 de junho, dois acusados de integrarem milícia em Itaboraí prestaram depoimento ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Jameli Alves de Castro e Celso de Souza. Jameli havia sido preso em flagrante em fevereiro, quando portava uma pistola com numeração raspada. Ele denunciou um PM do 35º BPM que entregava traficantes para a milícia. O policial, um soldado, teria ingressado na PM em 2013. De acordo com Jameli, o PM tinha consciência de que os milicianos matariam o traficante. Um dos detidos pelo policial teria sido Douglas Lino Neves, que foi encontrado morto dias após sua prisão. Este seria sido o policial que recebeu uma BMW branca como pagamento.

Celso de Souza confessou, em depoimento, que um soldado do 35º BPM convidava milicianos para integrar as operações da polícia em áreas de domínio do tráfico, ações chamadas pelo bando de “bote”. O intuito do “bote” era matar traficantes, para ter fácil acesso à objetos de valor como joias, relógios, além de dinheiro e armas, que eram divididos entre os envolvidos – as armas ficavam os policiais. Em uma dessas operações, os milicianos chegaram a roubar duas gaiolas com aves, um coleirinho e um trinca-ferro. Eles chegaram a utilizar uma das viaturas do batalhão.

Os policiais acusados pelos presos em depoimento são alvos de uma nova investigação aberta pela Polícia Civil.

Já Celso de Souza revelou que um outro soldado do 35º BPM chamava milicianos para operações conjuntas em áreas dominadas pelo tráfico. Nessas ações — chamadas de “botes” pelo bando — o objetivo era matar traficantes para roubar dinheiro, armas, joias, relógios e o que mais a quadrilha encontrasse. Numa ocasião, o “bote” rendeu aos milicianos duas gaiolas com passarinhos — um coleirinho e um trinca-ferro. Em outra, os participantes usaram uma viatura do batalhão. O espólio era dividido entre os envolvidos. O PM costumava ficar com as pistolas roubadas. Os dois policiais identificados pelos milicianos são alvo da nova investigação aberta pela Polícia Civil contra a milícia.

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