Ministério do Trabalho investiga caso de idosa desaparecida desde 1979 encontrada em hotel de Garibaldi

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O Ministério do Trabalho (MTE) apura se a idosa desaparecida desde 1979 encontrada em um quarto no subsolo de um hotel em Garibaldi, na Serra do Rio Grande do Sul, era mantida no local em condição semelhante à de escravizada. A mulher de 73 anos foi encontrada pela Polícia Civil na terça-feira (31).

“Vamos verificar o enquadramento da situação em submissão de pessoa a condição análoga à de escravo”, diz o gerente regional do Trabalho e Emprego do (MTE) em Caxias do Sul, Vanius João de Araújo Corte.

O assessor jurídico do hotel, Flavio Green Koff, afirma que a mulher era entendida como parte da família.

“Ela se tornou parte integrante da família, e o tempo foi passando, foi passando e não tinha o que fazer com essa senhora. Vamos jogar na rua? O que fazer? Não tinha uma solução”, afirma.

O advogado diz ainda que a mulher “tinha uma vida normal, andava onde queria; tinha o seu quarto, não era cinco estrelas, evidentemente; não tinha banheiro no quarto, não era uma suíte, mas o banheiro dela ficava a 20 passos mais ou menos do quarto dela, em área coberta, não tinha problema nenhum”.

Já o advogado da família da idosa afirma que a preocupação, neste momento, é com a saúde dela.

“Num primeiro momento, a família acolheu super bem a idosa, buscando tratamento médico pra ela, psicológico, dental, ela está bem abalada é uma situação bem complicada”, comenta.

A Polícia Civil chegou até a mulher após receber denúncias de que ela se encontrava nas dependências do hotel. Funcionários informaram que a idosa trabalhou como servente no local entre os anos de 1990 e 2000 e que vivia no estabelecimento desde então. Com base na investigação policial, o MTE também apura se houve maus-tratos.

“Pelos relatos que recebemos, poderia se enquadrar nessa outra situação, com outras decorrências”, explica Corte.

Entenda

Apesar de não ser vista pela família havia quase 44 anos, o registro do desaparecimento só foi feito em 2021 por uma sobrinha que ficou sabendo de uma campanha de identificação de desaparecidos. Os parentes vivem em Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, a 117 km de Garibaldi.

“A senhora teria se afastado da família em 1979, por alguma desavença, algo que não está bem esclarecido. Desde então, a família não soube mais dela”, diz o delegado Marcelo Ferrugem.

Uma investigação foi aberta para descobrir se a idosa era ou não vítima de maus-tratos. O ambiente não tinha iluminação natural e o banheiro não era próximo.

“As condições de higiene no local eram precárias, roupas de cama e colchão muito sujos. Ela fazia as necessidades em um balde”, explica o delegado.

A idosa era conhecida por um nome diferente daquele registrado oficialmente. Ela recebeu atendimento médico e psicológico. Na quinta (2), familiares foram buscá-la na Serra.

“Ela apresenta algum comprometimento cognitivo, talvez sinais de Alzheimer. Ela parou de trabalhar nesse estabelecimento e acabou permanecendo por ali”, relata Ferrugem.

 

Crédito: g1

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