Corrente do bem: Gonçalense com câncer grave pede ajuda para conseguir medicamentos

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A vida do estudante de técnico de enfermagem Gilmar dos Santos Conceição, de 34 anos, tem sido um exemplo de garra e determinação. Ele sofre de um tipo de câncer conhecido como linfoma não-Hodgkin, que ataca o sistema linfático. Esse câncer pode se transformar no linfoma CD30+ anaplásico, um tipo ainda mais desafiador. Para evitar que isso ocorra e ele consiga se ver livre da doença, Gilmar precisa de um transplante de medula e este só pode ocorrer com segurança quando tiver acesso ao medicamento Brentuximab, que custa de R$ 18 a 20 mil cada frasco. Na Justiça, ele conseguiu o acesso ao medicamento desde setembro de 2021, mas, na prática, ele tem sentido dificuldade em receber seu pedido. Até hoje, ele não recebeu o remédio e, consequentemente, não realizou a cirurgia, correndo risco de vida. Uma vaquinha online foi uma das soluções temporárias pensadas pelo rapaz.

A história de Gilmar começa como a de tantos outros garotos moradores do Morro do Céu, no Complexo do Salgueiro, com sonhos e muita vontade de crescer. Até que aos 10 anos de idade uma manchinha branca apareceu em seu rosto, inicialmente, os médicos acreditaram que se tratava de uma doença conhecida como pano branco ou micose de praia, causada por fungos e que pode ser tratada com o uso de alguns remédios, sendo resolvida em algumas semanas. No entanto, o tempo mostrou que, infelizmente, os médicos estavam errados.

“O tempo foi passando e mais manchinhas começaram a aparecer e depois lesões. Quase 10 anos depois desse primeiro diagnóstico, meu padrasto morreu e a partir daí resolvi fazer uma biópsia para descobrir o que eu tinha, o resultado deu positivo para o linfoma”, contou ele.

Logo depois disso, Gilmar iniciou seu tratamento passando pela Ilha do Fundão. “Eu comecei a ficar muito mal durante o tratamento, passava bastante mal por causa de tantos remédios. Alguns desses medicamentos me faziam sentir depressivo, além do preconceito que sentia no ônibus, por exemplo, com pessoas que viam minhas lesões e tiravam os filhos de perto. Cheguei a quase morrer e resolvi parar de tomar esses remédios que também alteravam a minha percepção das coisas. Fiquei, ao todo, um ano sem me tratar da doença”, contou Gilmar.

Ao longo desse um ano, Gilmar se dedicou ao trabalho. Ele se tornou ajudante de pedreiro e depois iniciou um curso de técnico de enfermagem. “Cheguei a fazer um estágio na área, mas quando voltei ao tratamento, por causa das manchas que voltavam e lesões, tive que parar de trabalhar. Nunca tive um trabalho de carteira assinada, porque é muito difícil conciliar com meu tratamento, às vezes fico horas em hospitais, além de me sentir mal com tantos remédios. Hoje, eu sigo sem renda e é difícil, pois se preciso de uma pomada, um hidratante e um creme graças a Deus eu tenho, minha família me ajuda, mas eu não posso comprar com meu dinheiro algo que quero”, afirmou ele, que descobriu uma paixão pelo rap, o ajudando a ter momentos de lazer.

Em 2017, surgiu a oportunidade de fazer um transplante de medula. Seu irmão mais novo foi quem doou para ele. Gilmar realizou o procedimento em 2018 e esperava estar sem a doença a partir de então. “Mas, a doença voltou. Eu tive uma lesão no peito em 2019 e fiz uma biópsia indicando que o câncer voltou para o meu corpo e voltou de forma grave. Por exemplo, uma lesão que tenho na barriga podia ser coberta com uma gaze só antes. Hoje, eu preciso de 20 gazes e uma fralda absorvente na lesão, de tão pior que está. Além desse transplante, nesse meio tempo também fiz algumas cirurgias para a retirada de nódulos. O linfoma também trouxe outras doenças para a minha vida. É difícil, mas Deus me dá forças”, contou ele que retornou o tratamento no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA).

Depois do retorno da doença, em 2020, Gilmar entrou com um pedido na Justiça para tentar conseguir o Brentuximab, um medicamento que reduz a carga tumoral da doença dele e pode ajudar a controlar as células cancerígenas em seu corpo para que ele realize outra cirurgia de transplante de medula, dessa vez doada por seu irmão mais velho, para que, dessa forma, ele consiga se curar de vez do linfoma. No entanto, o medicamento custa de R$ 18 mil a R$ 20 mil e, por isso, ele só conseguiria ter acesso ao produto com o auxílio da Justiça.

No processo, são acionados o Governo do Estado, a Prefeitura Municipal de São Gonçalo e a Advocacia Geral da União. “Eu só consigo fazer a cirurgia com esse remédio, pois ele diminui a carga tumoral do linfoma e, com isso, ao fazer o transplante, as células cancerígenas não se espalham pelo corpo. Sem esse remédio, as células podem se espalhar no momento da cirurgia e eu posso até vir a óbito. Em 2020 ainda eu consegui uma liminar na Justiça que permitia que eu tivesse acesso a esse medicamento, mesmo sem o processo ter acabado, mas eu não consegui ter esse remédio em mãos. Em setembro de 2021, eu ganhei a causa na Justiça e até hoje continuou sem meu remédio. No final de novembro me ligaram perguntando se eu precisava do medicamento ainda e eu disse que sim, me deram um prazo de 15 dias para receber o Brentuximab. Passou-se o prazo e não recebi nada. Até hoje eu não recebi nada, ao ligar pra lá, eles falam que não é assim, que é um processo demorado e que precisam de mais algumas coisas”, contou Gilmar que vê o tempo passando e nada sendo resolvido. O processo corre no Tribunal Regional Federal da 2° Região.

Vaquinha Online

Por conta de toda essa situação e da demora dos órgãos responsáveis mesmo após o deferimento judicial, Gilmar criou uma vaquinha online para arrecadar o valor para o remédio. Ao todo, ele precisa de R$ 500 mil. Isso pagaria todos os frascos do Brentuximab que Gilmar precisa até a cirurgia. Ele arrecadou, até então. R$ 1.935.

“É muito difícil! A vaquinha tem a intenção de conseguir alcançar as mídias e o governo pra ver se, após uma certa pressionada, eu consigo ter acesso ao remédio que já me foi concedido na Justiça. Se eu conseguir, eu vou estornar o valor da vaquinha para todos aqueles que ajudaram. É isso o que eu quero! Eu sei que hoje, se não fosse Deus, eu não teria a paz que eu tenho. Eu vejo pessoas desesperadas com coisas que estamos vivendo e é só Deus que me dá paz. Eu vi crianças no INCA passando por mortes, pelo câncer e isso abre os olhos. Hoje eu tento, mesmo sentindo dor, viver feliz. Meu maior sonho de vida é esse que tenho agora: viver todos os dias, um de cada vez. Acho que a pandemia ajudou o ser humano a ver que não importa ter dinheiro ou não, o que importa é ser feliz e é isso que tento levar pra vida”, afirmou ele.

Para quem quiser ajudar Gilmar em sua vaquinha, acesse o link a seguir: http://vaka.me/2630392. Além disso, aqueles que desejam acompanhar a história dele, podem encontrá-lo no Instagram (@gilmar_akin). No futuro, Gilmar planeja ajudar os outros.

“Quando isso tudo acabar, eu pretendo ajudar outras pessoas. Não sei se ainda com a enfermagem, mas pretendo fazer alguma coisa. Eu vi muita gente no INCA sofrendo e tudo mais e pretendo ajudar essas pessoas que estão lá de alguma forma”, afirmou.

 

Crédito: Jornal O São Gonçalo

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