‘Média móvel’ aponta queda das mortes diárias por Covid-19 no RJ

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Desde quinta-feira (10), o G1 e a TV Globo mostram, além dos números de casos e mortes por Covid-19 atualizados diariamente, um indicador recomendado por especialistas e adotado por veículos da imprensa do mundo todo: a média móvel.

O dado é usado para monitorar de forma mais eficiente a situação da doença (entenda a importância e como é calculado abaixo).

A análise das estatísticas no estado do Rio de Janeiro aponta uma queda de 21% nos óbitos registrado por dia, na média móvel. No número acumulado, são mais de 11 mil mortes e 128 mil casos confirmados e Covid-19.

Como calcular?

Para calcular a média móvel, é preciso somar o número de mortes ou casos nos últimos sete dias e dividir o resultado por sete.

Por exemplo: o estado do RJ teve 783 mortes nos últimos sete dias, de sexta-feira (3) até quinta (9) – os dados desta sexta (10) só serão divulgados à tarde. Dividindo a soma das 783 mortes por 7 dias, chega-se à média de 111,8 óbitos por dia. Essa é a média móvel.

Por causa do tempo de incubação do novo coronavírus, os especialistas recomendam comparar a média móvel mais recente com a de 14 dias atrás. Nessa comparação, os especialistas entendem que variações no número de mortes ou de casos de até 15% para mais ou para menos caracterizam estabilidade da doença nesse período. Ou seja, se subir ou descer até 15%, tá estável.

É exatamente nesta comparação com a média móvel de duas semanas atrás que se vê uma queda de 21%. Em 26 de junho, a média móvel foi de 142 mortes. Ou seja, 21,1% a menos que os 111,8 registrados na quinta.

Por que esse dado é tão importante?

Os números diários têm variações muito grandes e isso não têm necessariamente relação com o avanço do vírus, como atrasos nos registros, falta de testes, entre outros problemas, o novo modelo busca reduzir esses efeitos. Além disso, muitos laboratórios não funcionam nos finais de semana, as pessoas que notificam, que preenchem o sistema de informação eletrônico, também não trabalham no final de semana e muitas fichas se acumulam.

Os números divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio, por exemplo, costumam ser bem menores aos domingos e às segundas-feiras, justamente porque no sábado e no domingo há menos capacidade de registro. Na terça e na quarta-feira, é comum haver um novo aumento dos casos, justamente com a análise e registro dos exames que estavam acumulados.

Essa discrepância fica clara quando se vê o número de mortes por coronavírus no Rio nos últimos sete dias (veja na tabela abaixo a comparação com a média móvel).

“A média móvel vai dar uma tendencia maior, né, se esses casos estão subindo, se estão caindo naquela região. O dado agrupado é bem mais fidedigno do que o dado diário. E a gente não consegue ver essa modificação tão facilmente”, diz o infectologista Alberto Chebabo.

Os dados para o cálculo da média móvel são os apurados pelo consórcio de veículos de imprensa formado por G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL. Esse grupo reúne diariamente os números da doença nos 26 estados e no Distrito Federal, para que os brasileiros saibam, com transparência, o total de óbitos e de casos no país.

A iniciativa inédita veio como resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir, no início de junho, os dados sobre a pandemia da Covid-19.

Onde há alta, baixa ou estabilidade

“Essa média móvel depende do comportamento da sociedade e das medidas que os governantes tomam. Ou seja, se, de repente, eu deixo de tomar qualquer medida de prevenção, uso de máscara, higiene, eu com certeza vou aumentar a transmissão. Os bares que ficam lotados sem um controle adequado… vai aumentar a transmissão. Então por isso que tem que ser acompanhado sempre; e às, vezes, não adianta você ver dia a dia”, afirma Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da SBI.

E como saber se, num determinado estado, os números da doença estão aumentando, diminuindo ou em estabilidade?

Por causa do tempo de incubação do novo coronavírus, os especialistas recomendam comparar a média móvel de hoje com a de 14 dias atrás. Esse é o modelo adotado, por exemplo, pelo jornal americano “The New York Times”.

“A dinâmica da infecção é 5 dias de período de incubação, 7 dias para a pessoa procurar assistência médica. Então em média de 12 a 14 dias, você pode ter variações importantes desde o primeiro contato”, diz Julio Croda.

Segundo Alberto Chebabo, “você consegue ver os estágios diferentes de evolução daquela doença, respeitando esse período de incubação que é o período entre o momento em que elas se expuseram até o momento que ela começa a desenvolver sintomas.”

Nessa comparação com a média de 14 dias atrás, os especialistas entendem que variações no número de mortes ou de casos de até 15% para mais ou para menos caracterizam estabilidade da doença nesse período.

“Quando a gente faz essa curva, a gente entende se essa curva está aumentando muito ou pouco. Se ela estiver num aumento muito importante, significa que a gente não tem nenhum controle da doença. Se a gente tem uma transmissão mais baixa, significa que a gente consegue ou está conseguindo controlar a doença”, diz Otsuka.

Assim, vai ser possível identificar mais claramente os estados que estão conseguindo combater a doença e também onde a pandemia está fora de controle.

“É um país continental”, diz Julio Croda. “A pandemia se comporta de diferentes formas em diferentes estados e região”.

“Se eu estou tendo um aumento de casos, significa que vou ter que intensificar as medidas de isolamento social, né, de fechamento de comércio, por exemplo”, diz Alberto Chebabo. “Se eu já começo a ter uma redução e essa redução se mostra mantida por duas, três semanas seguidas, significa que eu posso flexibilizar e evoluir com essa flexibilização”.

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